"Escolas ainda usam método incorrecto"

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Com tanto insucesso escolar no nosso país, os professores estão sensibilizados para este problema?

Não existe a ligação entre a faculdade e a realidade. Infelizmente isto continua a não ser ensinado aos futuros professores. Mas os que estão nas escolas falam agora muito em dislexia. Parece uma moda. Já acreditam que o problema existe. Chegam-nos muitos pais e professores com os meninos.

Muitas das nossas crianças ainda continuam a aprender pelo método global.

Já há 20 anos discordávamos do método global. Eles diziam que o bom leitor era o que se apoiava no contexto e nós insistíamos que o bom leitor era o que conseguia descodificar as palavras. Inventámos um teste, andámos pelas escolas e concluímos que tínhamos razão. Isto de aprender a ler não pode ser uma filosofia. É um conhecimento científico. E manter-se, como hoje ainda se faz, os credos políticos à frente do conhecimento, não nos cabe na cabeça. E já há 20 anos não cabia.

Continuamos a aprender a ler segundo um método ultrapassado?

As práticas pedagógicas que foram feitas pelo método global não dão. E isto continua a não ser ensinado nas escolas de educação. O método global é incorrecto. E foi abandonado em outros países. França foi logo o primeiro a deixá-lo. Porque a leitura global não permite descodificar uma palavra nova.

Querem dizer que devíamos voltar à CartilhaMaternal, de João de Deus?

A Escola João de Deus ainda continua a usá-la. É um bom método, porque tem todos os fonemas da língua. A Cartilha Maternal deu muito bons resultados, porque tratando-se de um método fonético e ascendente, parte dos sons para a palavra, depois da palavra para a frase e daí para o texto. E foi na cartilha que a maioria dos portugueses aprendeu a ler. Entretanto, os movimentos das escolas ditas modernas vieram introduzir os métodos globais, já depois do 25 de Abril, ao longo dos anos 70.

Acham que retrocedemos?

Dizia-se que o método global era o mais progressista porque fazia bem a ligação da escola à família. Essa situação manteve-se e prejudicou muito as crianças. Fizemos levantamentos a nível internacional, e está provado que os métodos mais eficazes eram os fonomímicos. Que nós agora viemos a aproveitar, com o sistema que criámos.

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