"Adoro assumir riscos, na vida como na música"

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O Djavan é tão feliz quanto transparece na sua música?

(Risos) Estou a atravessar uma fase bastante feliz. Mas a felicidade é uma coisa que acontece, a gente não está feliz o tempo todo. Houve épocas em que vivi menos feliz, outras em que vivi triste. Casei de novo, tenho uma filha com três anos e meio. Estou a olhar para a vida de outra forma também porque tenho oportunidade de observar tudo isso. Quando tive os meus primeiros filhos era muito jovem, estava no começo de uma vida, não tinha tanto tempo. Estou vivenciando tudo isso com grande felicidade e isso acaba por transparecer na minha arte, claro.

O seu último disco, Vaidade, é o primeiro editado pela sua própria editora, a Luanda Records. Foi uma espécie de grito do Ipiranga?

(Mais risos) Sim, foi sobretudo isso. Foi o querer ter maior independência, tomar conta da minha carreira de forma mais global. Mas foi também pelo risco. Tenho uma carreira com 28 anos e achei que assumir um grande risco como esse seria um novo incentivo.

Corria o risco de se acomodar?

É. Acho que essa foi a motivação principal. Assumir um risco grande como forma de motivação.

Não está acomodado mas parece bastante cómodo. Grava grande parte dos seus discos em casa, com os seus filhos, tem uma editora sua. Como é essa experiência?

Isso é muito bom. Não tanto por você ter essas coisas todas, mas pelo facto de ter mais trabalho, mais responsabilidade. Isso é uma coisa que eu adoro, assumir riscos, na vida como na música. Gosto muito de trabalhar. E tudo isto representa mais encargos na minha vida. Não sou apenas compositor, cantor, músico. Sou uma pessoa que cuida de toda a sua vida, de tudo o que é necessário para que a sua vida funcione...

E ainda produz os discos, faz os arranjos e as misturas... o Djavan não dá emprego a muita gente.

(Risos) Eu canalizo tudo, é verdade, mas continuo rodeado de muito boa gente me ajudando.

No início da sua carreira, muita gente rejeitava a sua música por ser demasiado complexa. Hoje vende centenas de milhares de discos e faz espectáculos por todo o mundo. As pessoas mudaram ou foi o Djavan que se simplificou?

Não fui que mudei. Foi o tempo que se encarregou de fazer essa transformação. As pessoas passaram a entender, a assimilar e a gostar e eu acabei por me tornar um artista popular. O processo foi esse.

E teve também a grande montra das telenovelas. Desde Gabriela à Senhora do Destino há temas seus semeados por anos a anos de telenovelas...

A novela é um tipo de veiculação muito eficiente e muito disputada pelo seu poder de audiência. Uma novela da rede Globo é vista por 40 milhões de pessoas por noite. Isso é monstruoso!

Tem procurado apostar nisso?

Não. Tem sido uma troca natural em que eu tenho sido feliz. São as produções que acham que precisam de uma música minha e me procuram. E tem havido a coincidência de, em certos momentos, eu estar lançando um disco e alguém achar que ali tem uma música ideal para um determinado personagem.

Mas nem sempre. Há pelo menos um tema seu, Meu Bem Querer, que já entrou em três telenovelas...

É. Aí foi diferente. Entrou numa primeira novela, depois eu estava a regravá-la para um novo disco e a Globo aproveitou para uma nova novela. Por fim nasceu uma novela que se chamava precisamente Meu Bem Querer e aí me pediram para gravar uma nova versão para ser tema de abertura.

Traz novas versões consigo para estes dois espectáculos em Portugal?

Esse roteiro envolve temas do disco novo, mas também alguns de outras fases da minha carreira, alguns hits. Depois incluo temas de outros autores. Pérolas aos Poucos, de José Miguel Viznic, e Emoções, do Roberto Carlos...

E algum tema novo? Sei que se prepara para lançar um novo álbum este ano.

Esse ano vou lançar Na Pista, uma colectânea em que reúno temas de várias fases da minha carreira, transformando-as em música mais electrónica e dançante, mudando arranjos e vozes. Na verdade, é como se fosse um disco novo.

Uma reciclagem...

É um pouco isso. Estou trabalhando nesse disco desde Janeiro e deverei lançá-lo em Julho no Brasil. Depois, em Setembro, vou começar a gravar um novo disco de inéditos que pretendo lançar no ano que vem. Mas esse ainda está guardado em segredo.

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