"A determinado momento pensei: já fui"

António Simões, repórter fotográfico da Global Imagens<br />
Publicado a
Atualizado a

O que realmente aconteceu durante a madrugada?

Tínhamos chegada de Joanes- burgo, do jogo de Portugal, à meia-noite. Fomos para os quartos dormir. Por volta das quatro da manhã acordei com um barulho no quarto e quando abri os olhos tinha dois homens dentro do quarto e um deles encostou-me logo uma pistola à cabeça.

O que pensaste nessa altura?

O pior. A determinado momento pensei: já fui. Tenho uma filha em quem pensei. Penso também nos emigrantes que têm sido mortos na África do Sul. Pensei que ia ser apenas mais um. Mandaram-me tapar com o cobertor e continuavam com a arma encostada. Foram poucos minutos, mas pareceu uma eternidade. Só me restabeleci quase hora e meia depois de eles saírem do quarto. Quando saíram, um deles mandou-me estar calado e continuar a dormir, com a arma ainda apontada. Fiquei hora e meia dentro do quarto à espera de luz do dia para conseguir vir cá para fora.

Roubaram-te muita coisa?

Levaram-me 3500 euros, cerca de 500 euros em rands (moeda sul-africana). Fiquei sem telemóveis, documentação, levaram-me o computador, máquinas, lentes, roupa. Fiquei apenas com uma mala de roupa. Enquanto um tinha a arma apontada à cabeça o outro levou o resto para fora do quarto. O mais importante é que estou vivo. O material é o menos. Não há noção do que é ter a arma apontada.

Consegues avaliar o prejuízo que tiveste?

Sim, entre os 30 e os 35 mil euros.

Sentes-te psicologicamente bem para ficar no Mundial?

Tenho uma credencial para estar na prova e vou continuar, acima de tudo sou também profissional. Agora espero que Portugal seja campeão para esquecer isto tudo.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt