Um cirurgião plástico, mais do que dedicar-se à medicina, é também um esteta. Estica narizes, alisa peles, aumenta ou diminui mamas, elimina gorduras incómodas e ajuda a recuperar a auto-estima de quem mais precisa. ."A cirurgia plástica é uma área que vai agir desde a má formação congénita de uma criança, num extremo, até à pessoa que quer melhorar, ou corrigir, alguma coisa na sua aparência devido ao envelhecimento ou às vicissitudes da vida, no outro extremo", explica Francisco Melo..A sua carreira começou há 18 anos, quando iniciou a especialidade em Cirurgia Plástica e Reconstrutiva, no Hospital de São José, em Lisboa. Fez um estágio voluntário, durante dois meses, no Hospital Militar de Bruxelas - Unidade de Queimados -, e trabalhou no Hospital de Santarém. Entretanto, concorreu ao concurso de provimento para assistente hospitalar de cirurgia plástica e reconstrutiva da carreira médica hospitalar (2004), ficando em primeiro lugar, e voltou a fazer parte da equipa do Hospital de São José, onde começou a sua carreira. Desde 2006 que está no Hospital Militar Principal, em Lisboa..Ao fim de quase 20 anos a tentar melhorar a vida e a imagem física de outras pessoas, continua a achar fascinante o que faz. "O prazer que tenho é como tudo em qualquer profissão, quando gostamos do que estamos a fazer. Claro que há áreas de que gosto mais, mas isto é sempre muito vasto, porque nunca temos duas situações idênticas se estivermos, por exemplo, a falar da cirurgia estética. No caso das operações às mamas, na mesma pessoa, como são dois órgãos, existem assimetrias, onde numa temos de fazer de uma maneira e na outra de outra maneira, para o resultado final ser o pretendido", adianta. .Francisco Melo está ciente de que, como médico de uma especialidade que está em permanente mutação, com novas técnicas, novos aparelhos, é obrigado a manter-se actualizado se quer estar na vanguarda. "Não basta ler artigos sobre o que está a fazer-se lá fora. É preciso aprender a pôr em prática as novas técnicas e saber mexer com os aparelhos. Normalmente, participo em dois congressos infor- mativos que acontecem fora do nosso país, anualmente", observa ..A vida de um médico não se cinge só aos consultórios e blocos operatórios. "No meu tempo livre adoro a sensação de lazer. Não tenho hobbies, mas gosto de jogar golfe quando posso, de ir ao cinema (sem pipocas) e adoraria aprender a tocar piano. Só gostaria de ter mais tempo ", comenta Francisco Melo, não deixando de salientar que a falta de educação o deixa "irritado" e que chegar a casa " o faz feliz!". .Ser-se organizado, é um requisito fundamental para um médico. "É frustrante trabalhar com pessoas desorganizadas, numa profissão que assenta em rotinas organizacionais que se repetem com frequência", desabafa. .O público feminino é quem mais procura os conselhos do dr. Melo, mas os homens já estão sensibilizados para as questões da estética. "A cirurgia estética em Portugal ainda é considerada um luxo, porque é cara. Mas não é, por comparação com a reconstrutiva, um filho menor, pelo contrário, o investimento nesta área nos últimos anos tem sido brutal. Muitas das técnicas utilizadas nesta área da cirurgia estética surgiram depois de terem sido usadas na cirurgia reconstrutiva, como é o caso do botox ", explica Francisco Melo..Ao contrário das mulheres, os homens procuram cirurgias que tenham pouco tempo de pós-operatório, como os preenchimentos faciais para disfarçar rugas e lipoaspirações. "Gostaria que se percebesse que a cirurgia estética não é milagrosa, que requer um trabalho conjunto entre o meu trabalho e o paciente", acrescenta Francisco Melo, autor do blogue www.consultoriocirurgiaplastica.blogs.sapo.pt , que ajuda a esclarecer dúvidas e receios sobre a estética.