Qual a importância das penas alternativas ao encarceramento?.É fundamental que se caminhe nesse sentido porque a prisão desinsere as pessoas que já estavam desinseridas. Quanto maior a pena de prisão, mais difícil a reinserção. Já Michel Focault chamava à cadeia uma fábrica de delinquência. Também é uma fábrica de droga. A lei prevê que a cadeia seja a última alternativa, mas o nosso sistema recorre demasiado à privação da liberdade. É importante criar estruturas punitivas como o trabalho a favor da comunidade, o apoio psicológico ao agressor e à vítima, a pulseira electrónica. Não incluo nestas penas os crimes de homicídio e violação, mas a cadeia como funciona não readapta o indivíduo..Então conclui-se que se sai da cadeia com maior conhecimento do crime do que quando se entrou?.A cadeia é uma escola do crime. Por mais que se queira trabalhar e separar as águas, a convivência entre reclusos faz com que a delinquência se transfira. Provoca também grandes riscos de desajustamentos emocionais que podem conduzir ao suicídio. Em França, os reclusos vão começar a usar pijamas de papel para baixar a taxa de suicídio nas cadeias. Um indivíduo preso tem o espaço e o tempo controlados e nem sempre os direitos humanos são preservados. Ele sai de lá mais desajustado do que entrou. A cadeia acaba por ser a desinserção perpétua..A prisão por dias livres é suficientemente severa?.Nalguns casos sim, noutros não será. O juiz devia ter quem o apoiasse a compreender o comportamento de cada um. A cadeia deve ser reservada a situações limite, para indivíduos desprovidos de patologia. Devem existir técnicos capazes de preparar as pessoas para a vida em liberdade..Este tipo de punição devia ser aplicada a mais crimes?.É altura de rever a lei. Não faz sentido que o limite seja um ano, quando a suspensão de pena é possível até cinco anos. O sujeito tem de interiorizar o que lhe aconteceu e, quando a pena é suspensa, ele considera uma absolvição.