ANA recusa responsabilidades por atrasos nos voos

A ANA – Aeroportos de Portugal retorquiu as acusações do presidente executivo da TAP, Antonoaldo Neves.
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"A infraestrutura aeroportuária [de Lisboa] não cria atrasos nos voos, a não ser quando está a ser usada no limite ou perto do limite da sua capacidade", garantiu Thierry Ligonnière, presidente executivo da ANA - Aeroportos de Portugal, numa audição no Parlamento, esta quarta-feira, requerida pelo Bloco de Esquerda.

A TAP, porém, atribui à gestora dos aeroportos nacionais a responsabilidade pela falta de pontualidade das suas operações. Na audição realizada no passado dia 13 de setembro, Antonoaldo Neves revelou que a companhia aérea registou atrasos em 37 voos diários, entre 28 de agosto e 11 de setembro, por “restrições de capacidade do aeroporto de Lisboa”.

Na Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas, Ligonnière rejeitou a acusação e começou por dizer que, "as responsabilidades devem ser analisadas à luz da contribuição de todos os stakeholders" no aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa.

O CEO da ANA foi ainda mais incisivo e chamou a atenção para a "diferença entre a capacidade alocada [declarada duas vezes por ano] e a sua utilização". De todas as maneiras, não esconde que foram vividos "períodos difíceis" naquela infraestrutura, destacando, pela negativa, os verões de 2014 e 2018.

Perante os deputados, saiu em defesa do encerramento da pista secundária do aeroporto para "aliviar, a curto prazo, a saturação" da Portela.

Segundo Ligonnière, permitirá ampliar o estacionamento, por exemplo, bem como dar resposta aos novos aviões encomendados pela TAP. Explicou, no entanto, que o fim da pista 17/35 é uma decisão do Governo.

Enquanto a decisão chega e não chega, precisou que foram realizados investimentos "invisíveis aos olhos dos passageiros", nos últimos seis meses, para manter o aeroporto em terreno positivo. E quantificou: "Disponibilizámos 11 milhões de euros para uma nova zona de check-in".

Em relação às taxas aeroportuárias, "existiram sete aumentos desde a privatização [da ANA]", recordou o deputado bloquista, Heitor Sousa.

Na base dos argumentos da ANA – Aeroportos de Portugal mantém-se o crescimento mais acentuado do número de passageiros do que o previsto no início do ano.

Contrapondo o apontamento do deputado, Thierry Ligonnière declarou que as taxas estão "9% abaixo do valor" que poderia ser cobrado ao abrigo do contrato de concessão, insistindo que podiam tê-las aumentado "muito mais". "Por questões de equilíbrio entre o preço e a procura, mantivemo-nos abaixo dos nossos direitos contratuais", concluiu sobre este tema.

Pressionado a assumir uma posição sobre o aeroporto de Beja, escuda-se na distância até Lisboa. "Está muito longe", diz, embora reconheça que a infraestrutura "assegura o estacionamento que não existe em Lisboa".

A ANA - Aeroportos de Portugal pertence à francesa Vinci desde 2012.

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