Os números constam de um estudo efetuado pela organização não governamental Oxfam a partir dos dados compilados pela Forbes e Credit Suísse, e são tão expressivos que a sua diretora-geral, Winnie Byanyima, recorreu à expressão "vertiginosa" para ilustrar a amplitude e a rapidez a que crescem as desigualdades a nível mundial..De acordo com os cálculos da Oxfam, tudo indica que a riqueza mundial se concentra cada vez mais num número mais restrito de pessoas e que as suas fortunas se multiplicam a cada ano que passa. Voltando novamente o foco para o início desta década, constata-se que as 80 pessoas mais ricas do mundo - onde se incluem Bill Gates, Carlos Slim, Warren Buffet ou Amancio Ortega - detinham uma fortuna que à época estava avaliada em 1,1 biliões de euros. Quatro anos depois, o valor reportado tinha aumentado para 1,6 biliões de euros. Valores que contribuem para que o património acumulado por 1% dos mais ricos correspondesse a 48% e que a Oxfam estime que em 2016 esta imensa minoria ultrapasse o património detido por 99% da população mundial..O estudo da Oxfam, ontem divulgado, mostra que entre 2002 e 2010 a metade mais pobre da população mundial conseguiu ver a sua riqueza aumentar a um ritmo semelhante ao dos mais ricos, mas a tendência inverteu-se desde então. E onde estão os mais ricos dos mais ricos? A Forbes contabilizou 1645 bilionários em 2014, entre os quais se contam 492 cidadãos norte-americanos e cerca de 20% desenvolvem a sua atividade ou estão ligadas aos setores da finança e dos seguros. Neste setor, Abigail Johnson, que em outubro sucedeu ao pai na Comissão Executiva do fundo Fivelita, foi quem mais aumentou a sua fortuna, fazendo-a crescer 36% entre 2013 e 2014..A Oxfam refere ainda que as empresas que colocam os seus donos entre os mais ricos, sobretudo as dos setores financeiro e farmacêutico, gastam anualmente milhões de euros em lobbying. Só em 2013, o setor financeiro terá investido mais de 344 milhões de euros em atividades de lobby nos Estados Unidos da América..O estudo da Oxfam foi divulgado em vésperas da 45.ª edição do Fórum Económico Mundial, que decorrerá entre amanhã e o próximo sábado em Davos e será copresidido por Winnie Byanyima. São esperados mais de 3300 líderes mundiais, entre os quais a chanceler Angela Merkel ou o vice-presidente dos EUA, John Kerry. A secretária-geral da Oxfam aproveitará para reforçar o apelo aos líderes mundiais para que debatam os fatores que levam a este crescimento das desigualdades e promovam a redistribuição de riqueza.