Edil portuense foi o anfitrião da cerimónia de assinatura do acordo da Aliança Democrática, na Alfândega do Porto, no dia 7 de janeiro. -- Foto: André Rolo/Global Imagens
Edil portuense foi o anfitrião da cerimónia de assinatura do acordo da Aliança Democrática, na Alfândega do Porto, no dia 7 de janeiro. -- Foto: André Rolo/Global Imagens

Autarcas do PSD dizem que Rui Moreira a cabeça de lista da AD será “traição”

Vladimiro Feliz, candidato à câmara do Porto, é um dos subscritores de manifesto que adverte Montenegro das “marcas profundas na confiança que os portuenses têm no PSD”.
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Um manifesto subscrito por mais de duas dezenas de autarcas e outros militantes do PSD, entre os quais Vladimiro Feliz, que foi o candidato social-democrata à Câmara do Porto nas autárquicas de 2021, qualifica de “traição” a escolha de Rui Moreira para cabeça de lista da Aliança Democrática (AD) nas eleições para o Parlamento Europeu.

Tal decisão é tida como garantida e será oficializada na reunião do Conselho Nacional do PSD, esta segunda-feira à noite, num hotel de Lisboa.

“Confrontados com os atuais rumores, cada vez mais certos, de que o atual edil do Porto venha a ser cabeça de lista, indicado peloPSD, às próximas eleições europeias, queremos deixar claro publicamente que nos demarcamos desta opção, pois consideramos ser uma traição aos portuenses, aos militantes, simpatizantes e autarcas eleitos pelo PSD, que não temos dúvidas de que deixará marcas profundas na confiança que os portuenses têm no PSD”, lê-se no texto, a que o DN teve acesso, e que tem entre os  subscritores, além de Feliz, o líder do grupo social-democrata na Assembleia Municipal do Porto, Miguel Corte-Real, os candidatos a vereadores Filipe Sampaio Rodrigues e Rita Monteiro de Sousa, o candidato à União de Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde, João Pedro Antunes, e o diretor de campanha, Tiago Mota e Costa.

Todos estiveram envolvidos na candidatura do PSD à Câmara do Porto em 2021, altura em que o então líder social-democrata Rui Rio desafiou Vladimiro Feliz, que tinha sido seu vice-presidente nessa autarquia. Este não conseguiu evitar o terceiro mandato de Rui Moreira, mas aumentou a votação o suficiente para impedir que o movimento independente do autarca (apoiado pelo CDS-PP e pela Iniciativa Liberal) mantivesse maioria absoluta no executivo camarário. Com seis elementos, contra sete da oposição (três do PS, dois do PSD, uma do PCP e um do Bloco de Esquerda), contornou o problema com a passagem a independente da eleita socialista Catarina Santos Cunha, que ficou com pelouros. 

Em rota de aproximação ao PSD, Rui Moreira esteve na cerimónia de assinatura do acordo da Aliança Democrática, que teve lugar no edifício da Alfândega do Porto a 7 de janeiro. E participou num comício de campanha, na Trofa, oito dias antes das legislativas, garantindo a Luís Montenegro que contaria com o seu voto, pois “ser independente não é ser neutral”.

Nesse contexto, e já após a distrital social-democrata do Porto ter discutido o nome de Moreira como possível cabeça de lista às eleições para o Parlamento Europeu, nas quais o PSD concorre em coligação com o CDS-PP e o PPM, um grupo de militantes decidiu assumir uma posição, divulgada antes do Conselho Nacional. “Foi de forma a que possa haver uma reflexão”, disse ao DN Miguel Corte-Real, líder dos sociais-democratas na Assembleia Municipal do Porto.

Caso Rui Moreira venha a ser confirmado esta segunda-feira à noite, encabeçando uma lista que deve ter nos lugares cimeiros Pedro Alves, vice-presidente do PSD, a atual eurodeputada (e agora vice-presidente do Partido Popular Europeu) Lídia Pereira, bem como uma candidata designada pelo CDS-PP, “há gente que vai ficar muito desagradada”, garante Corte-Real.

Por seu lado, Vladimiro Feliz, que suspendeu o mandato de vereador em dezembro e está afastado da política, disse ao DN que assinou o manifesto por “respeito e coerência com aqueles que me acompanharam e que em nós votaram”.

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