Vítor Almeida sai por falta de respostas às suas condições.
Vítor Almeida sai por falta de respostas às suas condições.

Médico que sai do INEM receia que este possa desaparecer e nega “questões pessoais ou profissionais”

A saída de Luís Meira da presidência do INEM levou a ministra da Saúde a nomear o anestesista Vítor Almeida para o substituir. Este tinha aceite o desafio que lhe foi feito, mas, ao fim de uma semana, ainda sem ter tomado posse, recuou na decisão. Saiu e nega que tenha sido por "questões pessoais ou profissionais".
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Mais uma polémica no INEM. Depois da demissão de Luís Meira há uma semana, médico que ocupava o cargo desde 2016, e ainda está em funções, é a vez de Vítor Almeida, nomeado pela ministra Ana Paula Martins, sair sem ainda ter tomado posse. O médico anestesista do Hospital de Viseu, com reconhecida experiência em medicina de urgência e de emergência,  experiência no trabalho do INEM e com várias missões humanitárias, nomeadamente na Ucrânia, recuou na sua decisão. O anúncio foi feito esta sexta-feira pelo próprio Ministério da Saúde em comunicado enviado às Redações.

Neste documento, a tutela refere que o médico Vítor Almeida tinha aceite o convite do Governo para presidente do Conselho Diretivo do INEM, mas “nos contactos durante a última semana”, este “concluiu que não estavam reunidas as condições para assumir a presidência do INEM, por razões profissionais e face ao contexto atual do instituto”. Mas o médico já veio negar esta versão.

Ao DN, Vítor Almeida disse mesmo: “Não é verdade que tenha sido por questões profissionais ou pessoais. Foram questões institucionais”, explicando que aquilo que o levou a sair deste desafio foi o facto de “não ter obtido resposta a uma série de condições técnicas e financeiras que considero importantes para o INEM e para o seu futuro”.

O médico referiu ainda que os contactos com a tutela “foram sempre muito cordiais”, havendo mesmo da parte da ministra a aceitação de algumas das suas ideias. No entanto, o médico diz que precisava de “respostas às condições que expus por escrito à sr.ª ministra”. Vítor Almeida referiu ainda ao DN que espera que a situação do INEM se resolva da melhor forma para o instituto e para os doentes, mas receia que este modelo “corra o risco de desaparecer”.

Nos últimos tempos, a atividade do INEM tem sido marcada pela falta de recursos humanos e também pelo ambiente de tensão entre os próprios técnicos de emergência hospitalar e o anterior diretor, Luís Meira, chegando mesmo a associação que representa estes profissionais a pedir a sua demissão.

O culminar da tensão foi atingido na semana passada quando a ministra Ana Paula Martins criticou a gestão do processo de aquisição de helicópteros para a emergência aérea, que acabou por não acontecer tendo sido feito um ajuste direto com a empresa privada que já fazia esta operação. Luís Meira não gostou e apresentou a sua demissão, argumentando que a solução do ajuste direto foi por falta de resposta da tutela. Mas Luís Meira é o presidente em funções no INEN, porque Vítor Almeida tinha sido nomeado mas não tinha tomado posse.

Esta semana Ana Paula Martins foi à Comissão Parlamentar da Saúde falar sobre esta polémica e admitiu que “o INEM que existe não é o INEM que queremos”, mas sobre isto não deu mais detalhes. Mas, hoje, as críticas do lado da política voltaram a surgir. O líder do PS acusa o governo de “incompetência” e já se juntou ao Chega e ao Iniciativa Liberal num pedido de audição urgente a Vítor Almeida. O Bloco de Esquerda diz que não é a “roda das cadeiras que traz investimento ao INEM”.

No comunicado do ministério, é anunciado que “o Governo decidiu nomear Sérgio Agostinho Dias Janeiro para Presidente do INEM, em regime de substituição por 60 dias, por vacatura do cargo”. Médico militar, o tenente coronel Sérgio Dias Janeiro é, atualmente, diretor do Serviço de Medicina Interna do Hospital das Forças Armadas, onde, de 2022 a 2023, ocupou o cargo de Diretor Clínico do Serviço de Urgência. Nasceu em Vale de Cambra, em 1981, e licenciou-se em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, tendo feito a Formação Militar Complementar ao Curso de Medicina para o Exército, na Academia Militar, no curso de 1999-2006.

No seu currículo conta também com o curso de paraquedismo militar, de Advanced Trauma Life Support (ATLS) e Medical Response to Major Incidents (MRMI), além dos cursos certificados pelo INEM de Viatura Médica de Emergência e Reanimação para Médicos, Médico Regulador do Centro de Orientação de Doentes Urgentes e Curso de Fisiologia de Voo e Segurança em Heliporto Médico especialista em Medicina Interna, Sérgio Dias Janeiro foi Diretor de Curso de Suporte Avançado de Vida (SAV) e Formador do European Trauma Course (ETC) e do Tactical Combat Casualty Care (TCCC). Cumpriu ainda uma comissão em operações NATO em Kabul, no Afeganistão, no Medical Advisor da Operational Mentoring and Liaison Team. É membro da Ordem dos Médicos desde 2006 e do Colégio da Especialidade de Medicina Interna desde 2014. Será aberto um concurso junto da CReSAP.

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