João Pedro Patrocínio, médico de família na Unidade de Saúde Familiar (USF) Carolina Beatriz Ângelo, na Guarda, será um dos profissionais de saúde que vai acompanhar a ação de rastreio que a Sociedade Portuguesa de Hipertensão (SPH) promove na cidade, no próximo sábado entre as 9 e as 17 horas. No Largo da Igreja da Misericórdia estará estacionada e identificada uma carrinha que serve de gabinete para a realização dos rastreios gratuitos à população. A iniciativa da SPH e da farmacêutica Servier intitula-se “Pela Saúde de Portugal” e está a percorrer diversos pontos do país, contribuindo para a Missão 70/26 que pretende ter 70% dos doentes hipertensos controlados em 2026. Estima-se que atualmente pouco mais de 11% estejam nessa condição..Antes do rastreio de sábado, João Pedro Patrocínio já revelou à TSF e ao Diário de Notícias que a alimentação, sobretudo o excesso de sal, é o maior problema relacionado com a hipertensão arterial que os profissionais de saúde enfrentam na região. Sem dados cientificamente confirmados para os 143 mil habitantes do distrito, o médico natural do Sabugal considera que não andará muito longe da realidade ao afirmar que é o excesso de consumo de carne de porco, de enchidos e de queijos o responsável pelos números mais expressivos da doença..“Conheço os meus conterrâneos, sei como comem e o hábito aqui é a comida ser demasiado salgada”, explica, referindo, ao mesmo tempo, tradições como a matança do porco, que ainda estão muito enraizadas na população mais rural, que perpetuam os maus hábitos alimentares. E os números mostram essa realidade: o portal público Bilhete de Identidade dos Cuidados de Saúde Primários informa que a doença em Portugal tem uma prevalência de 26,7%, enquanto na região atinge os 29%..No Largo da Igreja da Misericórdia, estará estacionada e identificada uma carrinha que serve de gabinete para a realização dos rastreios gratuitos à população.Dr. João Patrocinio.Convencer as populações a mudar de hábitos.Quebrar as más tradições alimentares e promover a prática de exercício físico são, na Guarda e não só, os grandes desafios dos diferentes profissionais envolvidos na prevenção e tratamento das doenças provocadas pela hipertensão arterial (HTA). Este diagnóstico é caracterizado por uma crónica e excessiva pressão sanguínea nas paredes das artérias que danifica os vasos sanguíneos e os principais órgãos do organismo, como o cérebro, rins e o coração..Apesar de não se conhecerem as causas, sabe-se que o excesso de sal, a obesidade e o envelhecimento potenciam a hipertensão, que surge como um dos principais fatores de risco para o acidente vascular cerebral (AVC) e ataque cardíaco. “Não é fácil explicar e dizer a uma pessoa que não sente qualquer sintoma que precisa de tomar medicação e mudar de hábitos”. João Pedro Patrocínio lembra que a doença é silenciosa e apenas se manifesta quando os problemas surgem realmente. “As pessoas não têm noção de que não podem comer carne de porco todos os dias. Mas porque não? Toda a vida foi esta a sua prática.”.Abordar de modo claro esta temática, explicando à população o que está em causa, é uma tarefa dos profissionais de saúde integrantes das ações de rastreio da Sociedade Portuguesa de Hipertensão e será o que, mais uma vez, vai acontecer este sábado. Entre dois dedos de conversa e as duas ou três medições dos valores da tensão arterial, os participantes ficarão mais conscientes dos problemas que enfrentam..Para além disto, a tensão arterial deve ser controlada regulamente. Pode fazê-lo na visita ao médico, na farmácia ou até em casa, com a ajuda de dispositivos certificados. Antes, deve descansar na posição sentada pelo menos cinco minutos. Evite fumar e consumir café. A maioria dos casos de hipertensão arterial são de causa desconhecida, mas fatores com o estilo de vida, obesidade, consumo excessivo de sal e álcool, tabagismo e sedentarismo contribuem para o desenvolvimento da doença..O médico de família não tem dúvidas de que a confiança dos portugueses nos médicos e demais profissionais de saúde é uma mais-valia da qual é preciso retirar dividendos. “As pessoas vão aderir muito bem ao rastreio no Guarda e isso significa que, além das consultas de rotina nos cuidados primários de saúde, temos ainda mais esta possibilidade de passar a mensagem e contribuir para maior consciencialização das pessoas”, aponta João Pedro Patrocínio