É considerado o melhor amigo do ser humano, mas o início desta relação histórica entre cães e humanos é ainda uma incógnita. Os cientistas têm tentado determinar a data do início da domesticação dos cães, pois acreditam que este foi o primeiro animal a ser domesticado e que esta descoberta vai ajudar a perceber de onde vêm os cães. Agora, um estudo indica que os cães podem ter sido domesticados duas vezes. .Até ao momento, a principal teoria afirmava que os cães são descendentes do lobo asiático e que surgiram há 14 mil anos na Ásia. Nos milénios seguinte teriam lentamente chegado à Europa e depois ao resto do mundo. Isto significava que todos os cães, de todas as raças, eram descendentes dos mesmos animais e tinham uma estrutura de genes com padrões que se repetiam..Mas um estudo realizado por cientistas da Universidade de Oxford e publicado na revista científica Science esta semana coloca a hipótese de os cães terem sido domesticados por humanos duas vezes: na Ásia, há 14 mil anos, e na Europa, há 15 mil ou 16 mil anos..O estudo partiu da descoberta de um osso de um cão em Newgrange, na Irlanda, com 5 mil anos. Os cientistas descobriram uma estrutura genética completamente diferente da dos cães asiáticos, implicando que já havia uma relação de proximidade entre caninos e humanos quando os animais asiáticos chegaram ao continente europeu..Para além disso, foram também encontrados os ossos de um cão na Alemanha com mais de 16 mil anos, ou seja, de um animal que viveu antes da migração dos cães asiáticos..Segundo os cientistas, alguns cães podem ser descendentes de um lobo europeu, criando assim dois grandes grupos de caninos. No vídeo publicado pela revista científica são explicadas as conclusões do estudo.[youtube:ejfRIdqS-Nk].Laurent Frantz, que liderou a investigação, explica, no entanto, que é pouco provável que cientistas consigam encontrar hoje cães descendentes do lobo europeu - à medida que os caninos asiáticos chegavam ao continente, os cães europeus iam desaparecendo.."Não sabemos se os cães que evoluíram na Europa foram extintos, mas podemos afirmar com segurança que o seu legado genético é praticamente inexistente nos cães de hoje", afirmou o geneticista.."Estes dados são fantásticos e vão ser extremamente valiosos", afirmou Peter Savolainen, um geneticista do Royal Institute of Technology em Estocolomo, Suécia. Savolainen é o principal investigador da origem dos cães e, embora acredite que a hipótese de o animal ter sido domesticado duas vezes, afirma que ainda é cedo para chegar a essa conclusão..Para Peter Savolainen, as mutações genéticas ocorridas entretanto podem ter alterado os dados da investigação. Robert Wayne, biólogo evolucionista da Universidade da Califórnia, também tem dúvidas e acrescenta que os cruzamentos entre cães e entre cães e lobos também podem ter dificultado a análise..Os cientistas concordam todos, no entanto, num aspeto: são necessárias mais amostras de cães, de hoje e de antigamente, para chegar a uma conclusão.