Relvas explica Efisa. Empresa pressiona deputados

Parlamento quer ouvir ex-ministro sobre "múltiplos episódios" que envolvem banco. Administradores avisam sobre "insinuações inquietantes"
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Os administradores da empresa que comprou o banco Efisa enviaram uma carta a pressionar dois deputados socialistas que questionaram os "múltiplos episódios" em que se envolveu o ex-ministro Miguel Relvas nesse banco e que foi ontem convocado para se explicar em sede de comissão parlamentar.

"Dado o vosso estatuto de servidores públicos, confiamos que serão cuidadosos em não propagar declarações que fazem insinuações inquietantes e criam danos" à imagem da Aethel, acionista da Pivot, a empresa que adquiriu o banco de investimento do antigo BPN.

Na carta dirigida a João Paulo Correia e João Galamba, com conhecimento a todos os líderes parlamentares, escrita em inglês e assinada por Ricardo Santos Silva e Aba Schubert, estes administradores defendem que "como entidade privada, a Pivot tem o direito de tomar as suas próprias decisões comerciais, em conformidade com a legislação aplicável, sem interferência política".

O deputado do PS, João Paulo Correia, considerou ao DN "que é grave uma entidade privada ameaçar de forma pública a liberdade de expressão dos deputados num processo marcado por episódios estranhos, que envolvem Miguel Relvas sobre a venda de um banco público a uma sociedade privada, que poderá ter como acionista Miguel Relvas e onde estão injetados 90 milhões de euros".

Num requerimento do PS, ontem discutido no Parlamento, diz-se que "a recapitalização pública do Banco Efisa totalizou 90 milhões de euros", despachada pela ex-secretária de Estado do Tesouro, Isabel Castelo Branco". Depois, "já em julho de 2015, a Parparticipadas decidiu vender o Banco Efisa à Pivot SGPS pelo valor de 32 milhões de euros".

A 21 de janeiro soube-se que o Banco de Portugal estava a analisar a certificação de Miguel Relvas como acionista do Efisa. Segundo os socialistas, "o anterior Governo PSD/CDS, liderado pelo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, injetou 90 milhões de euros num banco que, [...] caso o Banco de Portugal assim o decida, poderá ser de Miguel Relvas, ex-ministro e ex-número 2 de Pedro Passos Coelho".

Os deputados da Comissão de Orçamento aprovaram por unanimidade o requerimento do PS a pedir a presença do antigo ministro-adjunto e da ex-secretária de Estado do Tesouro. Apesar de viabilizar o requerimento socialista, o PSD acusou o PS de "manobra de diversão" por causa do Orçamento do Estado.

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