Provedoria defende atualização salarial de 4146 professores

Em causa estão os professores que entraram nos quadros no tempo de Nuno Crato. Foram todos integrados no primeiro escalão da carreira mas terão direito a ser integrados em função da antiguidade
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A Provedoria de Justiça recomendou ao Ministério da Educação a regularização urgente da situação dos 4146 professores que entraram nos quadros durante a tutela de Nuno Crato, invocando "o princípio da legalidade" e o "princípio da não discriminação" num quadro de "exercício de funções docentes em situações comparáveis". Uma indicação que, a ser aplicada, terá um considerável impacto nas contas do Ministério, já que estes professores recebem todos pelo escalão mais baixo e têm, em muitos casos, 10 ou mais anos de serviço.

Em causa está o facto de o anterior governo ter integrado todos estes docentes no 1.º escalão da carreira, com um salário bruto de 1518, 63 euros - equivalente ao que já recebiam como contratados - independentemente dos diferentes anos de serviço que tinham.

O artigo 36.º, n.º3 do Estatuto da Carreira Docente (ECD), após as alterações de 2013, já determinava que o ingresso na carreira se fazia "no escalão correspondente ao tempo serviço prestado em funções docentes e classificado com a menção qualitativa de bom", deixando os termos desse acesso "a definir por portaria do membro do governo responsável pela área da Educação".

Mas o que sucedeu, nos diferentes concursos para vinculação de professores realizados pelo anterior Governo, foi invariavelmente a integração destes novos quadros no 1.º escalão, com o argumento de que os posicionamentos corretos ficavam "sujeitos aos condicionalismos impostos pela Lei do Orçamento do Estado no que respeita à aplicação no n.º 3 do artigo 36.º" do ECD.

Uma argumentação que, para a Provedoria de Justiça, não colhe. Por um lado, defende, só por manifesta "inércia" dos responsáveis políticos da época não foi publicada a portaria necessária para que o artigo em causa pudesse ser aplicado em pleno. Por outro, as restrições orçamentais, nomeadamente o congelamento das progressões na carreira, nada tinham a ver - diz a Provedoria - com o direito a um professor de entrar na carreira no escalão indicado.

A carta da Provedoria de Justiça está datada do mês de julho - ou seja: era ainda dirigida à antiga equipa ministerial - mas só ontem foi divulgada pela Federação Nacional dos Professores (Fenprof).

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