Marcelo e Nóvoa pegam-se sobre currículo, gastos e o que disseram em 40 anos

Pingue-pongue: Rebelo de Sousa acha que Belém não é para soldados rasos e Sampaio da Nóvoa acusa-o de ser homem de Passos
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Foi um debate tenso, cheio de interrupções, num pingue-pongue constante de acusações entre os dois candidatos a Belém, aquele que aconteceu esta quinta-feira à noite na SIC. Entre os currículos de cada um, os gastos das campanhas ou o que cada um disse sobre os temas colocados na mesa, um e outro atropelaram-se a apontar excessos e omissões de parte a parte.

Marcelo quis saber onde esteve e o que disse Nóvoa nestes 40 anos de democracia, puxando do currículo de quem esteve na redação da Constituição ou no "poder local", "nacional" e "internacional". "Ao contrário do professor que tem uma história de vazio, a sua história é de vazio é de ausência. Onde é que esteve nos últimos 20 anos?", atirou o candidato apoiado pelo PSD e CDS. Nóvoa retorquiu que esteve na universidade e que Marcelo tem sempre "20 citações a dizer uma coisa e 20 a dizer o seu contrário" nos anos da democracia.

Para Marcelo Rebelo de Sousa, a Presidência da República está vedada a "soldados rasos", já Sampaio da Nóvoa notou que os portugueses querem uma "renovação política" para não serem sempre os mesmos. Marcelo replicou que Nóvoa é o "presidente de uma fação" e "um homem de corte, que tem de trazer na lapela três ex-presidentes". Do outro lado, o antigo reitor da Universidade de Lisboa disse o que ex-líder do PSD será um presidente "sozinho, ouvindo-se a si mesmo".

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Logo a abrir, no primeiro dos três debates entre os candidatos mais bem posicionados nas sondagens, Sampaio da Nóvoa colou Rebelo de Sousa ao anterior primeiro-ministro: "É o homem que apoiou Passos Coelho", atirou-lhe, recordando a participação do antigo comentador na TVI na campanha eleitoral das legislativas, em setembro passado. Em sua defesa, Marcelo invocou Francisco Louçã, o fundador do BE, que disse há dias que "estar a tentar a colar Marcelo Rebelo de Sousa a Pedro Passos Coelho, Paulo Portas ou a Cavaco Silva é uma tarefa impossível porque não são coláveis". "Assino por baixo", sinalizou o candidato da direita. Nóvoa disse-lhe que era "uma enorme ingratidão que revela com Passos Coelho e Paulo Portas".

Marcelo recusou ter aplaudido todas as políticas de austeridade do Governo anterior. "Discordei do excesso, fui o primeiro a falar da clivagem de gerações, critiquei sempre a falta de perspetiva das reformas." Nóvoa ironizou: "Afinal não defendeu as políticas de austeridade." A partir daqui o debate entrou no que cada um fez e disse. Marcelo não desarmou: "Onde esteve durante 40 anos?" Nóvoa criticou quem anda sempre a pregar a renovação de quem está na política e depois se fecha quando chega alguém novo, atacando o "argumentário pobre" de Rebelo de Sousa. "É pobre, de soldado raso a general, é pobre?", perguntou Marcelo.

Os gastos das campanhas entraram ainda no debate, pela boca do antigo presidente do PSD, quando disse que não anda com uma "carrinha" com "seis assessores". "Não tenho a sua estrutura e os seus gastos", atirou, enfurecendo Nóvoa, que respondeu que eram afirmações "absolutamente antidemocráticas". "A democracia tem custos, uma ditadura é mais barata."

Também sobre os poderes presidenciais, novas diferenças sublinhadas por um e outro. À direita, Rebelo de Sousa acha que o chefe do Estado tem de exercer "magistratura arbitral", sem ser "contrapoder". Nóvoa defendeu que a Presidência tem de "ser equilibrada e moderada" mas que em Belém espera-se "mais do que um árbitro". "Não venho para deixar tudo na mesma", sentenciou. O jogo joga-se a 24 de janeiro.

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