No Brasil, que bem o verbo esconde as verbas

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Ontem, no Brasil, o PMDB decidiu acabar com uma aliança de 13 anos com o PT. Como se sabe, nesses anos, este roubou e o outro não viu. Daí a indignação fulgurante: em três minutos, o PMDB decidiu partir. Já. Agora. Os seus ministros saem do governo: "A partir de hoje." Embora os peemedebistas - são tão bons os brasileiros em neologismos - tenham avisado logo que o "a partir de hoje" é colocação simbólica. Explicou o vice-presidente do partido, Romero Jucá, que "por óbvio o cara não vai sair daqui a correr para arrumar a gaveta dele". São tão bons... A este abandonar o navio os dirigentes do PMDB chamaram num cartaz: "Desembarque Já." São, não são? O presidente da Câmara de Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), até achou demais os três minutos: "Eu teria feito em um minuto." Também indiciado no processo de corrupção Lava-Jato, Cunha tem usado o Parlamento para atrasar o seu processo - rápido ali, lento aqui, ele alonga o currículo político para não o transformar em cadastro. Corrida contra o tempo, também a de Dilma. Devia partir, quinta, para Washington. Mas, por temer que Temer se aproveite, ela adiantou-se e já não vai. A Presidente Dilma Rousseff (PT) não confiou em deixar a loja ao vice-presidente Michel Temer (PMDB). Ela preferiu não ir a Washington, só por dois dias (e um deles dia da men- tira), para o outro não tomar já posse, nem temporária. Temer é o único do PMDB a guardar posto. A ideia é, a seguir, "Presidente Temer".

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