Princípio do fim das primárias: agora venha o duelo Hillary-Trump

Após vitórias de terça-feira, milionário atacou a ex-primeira dama por ser mulher. Ted Cruz escolheu uma para vice: Carly Fiorina
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Nem Donald Trump chegou aos 1237 delegados necessários para garantir a nomeação republicana, nem Hillary Clinton alcançou os 2383 essenciais para assegurar a nomeação democrata, mas as vitórias do magnata e da ex primeira dama nas primárias de dia 26 abriram nova fase na corrida às presidenciais americanas. Ele deu 5-0 aos adversários - o senador Ted Cruz e o governador John Kasich -, ficando sempre acima dos 50%, o que torna pouco eficaz a prometida aliança entre os dois rivais nas próximas votações. Ela ganhou por 4-1 a Bernie Sanders, deixando escassa esperança ao senador de ser ele o candidato democrata a 8 de novembro.

Agora, os americanos preparam-se para o duelo Trump-Hillary. E os próprios candidatos já o antecipam. O milionário celebrou a vitória nos cinco estados a jogo nesta terça-feira na Trump Tower em Manhattan. Aí garantiu que as primárias republicanas "acabaram" e que se considera "o presumível nomeado". Trump aproveitou para criticar os adversários, sublinhando que Cruz e Kasich "se prejudicaram com um acordo defeituoso que fracassou ainda antes de começar".

Sobre Hillary Clinton, o ex-apresentador do reality show The Apprentice garantiu que seria "uma péssima presidente". E garantiu: "Se Hillary Clinton fosse um homem, não chegaria aos 5% dos votos. A única carta que tem na manga é ser mulher. E adivinhem? As mulheres odeiam-na". Diante dos apoiantes reunidos em Filadélfia, a ex-secretária de Estado respondeu que "se lutar pelo direito das mulheres à saúde, à licença de maternidade paga e à igualdade de salário é jogar a carta da mulher, contem comigo!"

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Antecipando o tom da campanha se se confirmar o frente-a-frente Hillary-Trump, este ironizou que vai ter de se habituar "aos gritos" da potencial futura rival.

Ontem, já encarnando o papel de presidenciável, Trump fez um discurso sobre política externa. O magnata, de 69 anos, disse ainda que "o legado Obama-Clinton" é de "fraqueza, confusão e desespero". Recorrendo ao teleponto (coisa que, disse antes, nenhum candidato devia fazer), Trump disse não hesitar em usar a força militar "quando não há alternativa, mas quando a América luta, tem de ser para vencer". Além disso, garantiu que se for presidente, vai pedir cimeiras da NATO e da ASEAN para redefinir objetivos e compromissos financeiros.

Aliança sem futuro?

O Indiana, já a 3 de maio, será o primeiro estado onde Cruz e Kasich vão estrear a sua aliança. Neste caso, o senador do Texas será o único a fazer campanha, com, o governador do Ohio a manter-se fora da corrida. No Oregon e Nova México, as posições invertem-se. O problema é que mesmo unidos, os dois rivais conseguiram menos votos do que Trump nas últimas primárias. É verdade que se tratava de estados da Costa da Leste, onde o evangélico conservador Ted Cruz não tem apelo e onde os valores mais liberais de Trump conquistam votos.

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A questão que todos se colocam é: será que esta aliança chega tarde demais? Trump está tão perto dos delegados necessários para garantir a nomeação na convenção de Cleveland em julho que ninguém parece capaz de o travar. Afastando quase por completo uma convenção aberta, onde o aparelho republicano esperava apresentar um candidato de última hora.

Consciente que está cada vez mais longe da nomeação, Ted Cruz decidiu tentar uma manobra ousada e anunciar a sua vice-presidente. Se o senador for o candidato, Carly Fiorina tem lugar garantido no ticket . Porque a ex-CEO da Hewlett-Packard "sabe como criar empregos e aumentar salários". No Indiana, onde surgiu de vermelho, Fiorina, que em fevereiro desistiu da corrida às presidenciais, tendo depois anunciado o apoio ao senador do Texas, afirmou por seu lado estar "orgulhosa" de ter sido escolhida por Cruz para "a luta" pela "alma e pelo futuro" do povo americano.

Ainda antes do anúncio, Trump - que nos debates atacara Fiorina - considerou o ticket do adversário "fofinho". "Ele está a milhões de votos de distância, a centenas de delegados... não tem caminho para a vitória e está a nomear um vice-presidente. Até é fofinho!"

Quem também não parece disposto a desistir é Bernie Sanders que na terça-feira venceu em Rhode Island - a única primária aberta do dia a independentes. Mesmo se a desvantagem para Hillary em termos de delegados continua enorme. Empenhado em chegar à convenção de Filadélfia em julho, o senador do Vermont, ainda tem pela frente o jackpot da Califórnia, a 7 de junho, com 546 delegados. Mas pode ser tarde de mais.

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