A Page One, uma das principais cadeias de livrarias sediada em Singapura, decidiu retirar obras politicamente sensíveis das suas lojas em Hong Kong na sequencia do desaparecimento, desde outubro, de cinco livreiros na antiga colónia britânica, que em 1997 passou para administração chinesa sob o regime "um país, dois sistemas"..Especializada na publicação de obras nas áreas do design gráfico e das artes visuais, a cadeia de livrarias teria chegado a acordo, há uns anos, com as autoridades de Pequim para reduzir a distribuição de obras críticas ao governo chinês para ajudar na expansão das suas operações até à China continental. No entanto, manteve alguns títulos mais sensíveis nas prateleiras de uma livraria no aeroporto de Hong Kong para satisfazer o apetite de viajantes interessados em volumes sobre a intriga e escândalo politico, que não se encontram disponíveis na China continental..Continua a ser um mistério o paradeiro dos cinco livreiros desaparecidos - entre eles Lee Bo, detentor de passaporte britânico e o seu sócio Gui Minhai -, que se suspeita terem sido detidos pelas autoridades chinesas..Questionado pelo The Guardian,, um funcionário da livraria, que não quis revelar a sua identidade, afirmou que as obras políticas foram todas vendidas e que não está prevista a reposição do stock: "Não vamos voltar a vendê-los. Acho que percebe porquê". Os volumes retirados incluíam um best-seller das memórias do antigo chefe do partido comunista Zhao Ziyang que denunciava o massacre de manifestantes pró-democracia em 1989 na praça de Tianamen, em Pequim, e numerosas autobiografias alegadamente escritas pelas amantes de funcionários de topo do partido comunista..[citacao:Não vamos voltar a vendê-los. Acho que percebe porquê].A medida de auto-censura preocupa Lisa Leung Yuk-ming, professora assistente no departamento de estudos culturais na Universidade Lingnan de Hong Kong: "Começamos a ver o cenário completo de ataques constantes às nossas liberdades, tanto nas universidades como no mundo editorial"..A Aliança de Apoio aos Movimentos Democráticos e Patrióticos da China, conhecida por todos os anos prestar homenagem às vítimas do massacre de Tianamen, tem agendado para o próximo domingo um protesto dirigido às autoridades chinesas para exigir uma resposta relativamente ao paradeiro dos cinco livreiros. Espera-se que pelo menos cinco mil pessoas adiram à manifestação em Hong Kong.