"Número três" da China defende reforço da educação patriótica em Macau

O "número três" da hierarquia chinesa defendeu hoje, em Macau, a necessidade de "reforçar a educação patriótica de Macau" e "formar quadros qualificados", destacando a importância dos professores para ensinar "uma ética correta".
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Zhang Dejiang, que além de presidente da Assembleia Popular Nacional (APN) é membro do Comité Permanente do Politburo do Partido Comunista Chinês (PCC), a cúpula do poder, falava numa palestra na Universidade de Macau para cerca de uma centena de representantes da área da Educação.

Ao contrário de Hong Kong, Macau tornou este ano obrigatória a disciplina de Educação Cívica no ensino primário, depois de em 2016 ter sido introduzida na pré-primária.

"O mais importante é formar mais quadros qualificados de Macau para a governação e, por isso, os trabalhos de educação são muito importantes", disse o responsável pelos assuntos de Macau e Hong Kong.

"Como é que podemos formar quadros qualificados", questionou Zhang Dejiang, dirigindo-se a professores e diretores de escolas e universidades. Na transmissão de conhecimentos, os professores devem "fazer com que os estudantes tenham uma ética correta, uma perspetiva correta, porque só assim é que os estudantes podem contribuir melhor para o desenvolvimento social", observou.

"E os estudantes também têm de ter valores corretos para termos um ambiente social melhor, de boa fé (...) Por isso temos de ter professores com boa ética, porque também esta ética pode influenciar o raciocínio dos estudantes", acrescentou.

Macau "tem um passado muito especial" e que é preciso "dar a conhecer aos estudantes a história e cultura chinesa, ou seja, o docente, tem que dar a conhecer o patriotismo aos estudantes", considerou.

"Temos de cultivar o amor à pátria, porque o amor à pátria não é só um 'slogan', tem de ser implementado", disse.

Zhang também recordou as palavras do Presidente chinês, Xi Jinping, por ocasião do 15.º aniversário da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), em 2015, sobre a necessidade de "reforçar a educação patriótica de Macau e fazer com que os estudantes de Macau sintam uma missão na contribuição do princípio 'um país, dois sistemas'".

"No discurso, Xi Jinping indicou um rumo muito claro para os estudantes de Macau, e acredito os profissionais da área de educação, se estiverem unidos, podem, de certeza, desenvolver bem o setor da educação", afirmou.

Desde a transição para a China, há 17 anos, Macau obteve "bons resultados no setor", sublingou Zhang. "Nos últimos anos, o Governo de Macau (...) investiu mais no setor, tendo implementado a escolaridade gratuita de 15 anos".

Para o responsável, "o desenvolvimento do ensino superior também está no bom caminho" e elogiou o 'campus' e instalações da Universidade de Macau em que "o nível de qualidade tem aumentado muito".

"Também tem aprofundado muito a educação cívica e patriótica. A Universidade de Macau tem um centro de cultura chinesa que também é favorável para que os estudantes de Macau possam conhecer melhor a cultura chinesa", sublinhou.

A Universidade de Macau está, desde 2013, está em terrenos da China continental, sendo o acesso ao campus feito exclusivamente por Macau, através de um túnel.

Depois de recordar "uma situação diferente" quando estava no ensino secundário e era presidente da associação dos estudantes, Zhang Dejiang destacou o desenvolvimento económico da China nos últimos 30 anos.

"A China andou um caminho difícil, que não é um caminho normal. (...) Crescemos numa época difícil na China e vocês têm de saber valorizar o que têm porque estão numa situação que foi obtida pelos antecessores", disse, ao incentivar os estudantes a terem "um horizonte mais largo", que inclui Macau, a China e o universo.

Zhang Dejiang termina hoje a visita de três dias a Macau, durante a qual afirmou que a economia de Macau está "a encarar uma viragem" e o "desenvolvimento económico-social exige maior capacidade de governação local".

O "número três" chinês disse que a RAEM era um bom exemplo ao aprovar em 2009 a lei antissubversão, uma legislação que prevê e pune os crimes contra o Estado. Esta lei nunca chegou a ser implementada em Hong Kong.

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