Desde a sua primeira longa-metragem, Perdido por Cem (1973), António-Pedro Vasconcelos tem filmado histórias do quotidiano português, edificando uma visão crítica das mudanças de valores e gerações - como ele gosta de dizer, são sempre filmes pessoais, o que não quer dizer que sejam obrigatoriamente confessionais..Desta vez, inspirando-se em factos verídicos, reencenados a partir de um argumento assinado por Tiago R. Santos, o cineasta centra as suas atenções num par juvenil que vive, ou pensa viver, uma grande história romântica..Aliás, é ela que alimenta uma idealização da sua relação (inspirada na herança de Emily Brontë) que irá deparar com os elementos machistas do comportamento dele. Afastando-se dos lugares e clichés da "grande metrópole" (o filme foi rodado em Viseu), este é também um conto moral sobre o modo como os seres humanos se revelam e ocultam..Como sempre no cinema de António-Pedro Vasconcelos, o essencial passa pelo trabalho com os actores, com destaque para Victória Guerra, José Mata, Soraia Chaves e Ricardo Pereira..Classificação: *** bom