Política
18 maio 2022 às 05h00

PSD a apontar a vitória em 2026, em que o Chega é pedra no sapato

Luís Montenegro e Jorge Moreira da Silva enfrentam-se dia 28 e coincidem na defesa da redução de impostos e na conciliação dos setores público e privado na saúde e educação. O vislumbre de um entendimento com o partido de André Ventura divide-os.

Luís Montenegro e Jorge Moreira da Silva, os dois candidatos à liderança do PSD, apresentaram as moções de estratégia publicamente. Dois projetos, muitas vezes coincidentes, um "Acreditar", outro "Direito ao Futuro". O que os une e o que os divide?

Montenegro

É muito vago quanto ao que pretende para a reforma do sistema político, mas essa é uma das suas promessas. Concretiza mais na modernização do PSD, onde prevê, entre outras coisas, a criação de uma academia de formação política, tal como a revisão estatutária que abra a porta à participação eleitoral de todos os militantes do PSD mesmo sem quotas pagas.

Moreira da Silva
O candidato defende que a reforma o sistema político deve ir além da dos sistemas eleitorais, no qual prevê o voto eletrónico e a criação de círculos uninominais. Promete ainda ao partido a criação de um governo-sombra, a revisão dos estatutos e um código de conduta e formação para os eleitos do partido.

Montenegro
Com a mira na vitória nas legislativas de 2026, avança com a ideia de criação do "Movimento Acreditar" para discutir com a sociedade e elaborar o programa eleitoral. O candidato promete não passar "linhas nucleares" do partido, mas considera extemporâneo falar sobre futuros diálogos com o Chega. Ou seja, não rejeita essa possibilidade. E assume o PSD como o "partido incumbente do espaço não socialista".

Moreira da Silva
Quer vencer todas as eleições até 2026, europeias, autárquicas e legislativas. O candidato traça uma "linha vermelha" na possibilidade de entendimento com o partido de André Ventura e defende que "na casa do PSD não cabem racistas, xenófobos e populistas". Posiciona o PSD como um espaço que agrega social-democratas e liberais-sociais.

Montenegro
Considera o Serviço Nacional de Saúde "absolutamente fundamental" e aponta para um médico de família para cada português. Defende ainda incentivos a estilos de vida saudáveis e propõe o índice de Felicidade Interna Bruta (FIB).

Moreira da Silva
Defende a liberdade de escolha dos cidadãos entre o serviço público de saúde e os privados, com uma rede financiada por recursos públicos, com participação do SNS e dos setores social e privado.

Montenegro
O candidato salienta a necessidade de voltar a fazer deste setor "um verdadeiro elevador social" e a importância de "valorizar a profissão do professor, ao nível de toda a sua carreira", bem como a reintrodução do ensino vocacional em articulação com o ensino profissional. Montenegro quer também "incentivos à criação de instalações de educação pré-escolar em empresas".

Moreira da Silva
Tal como na saúde, o candidato defende a liberdade de escolha entre os prestadores de serviço de educação e o lançamento de um nova geração de políticas públicas neste setor que prepare as crianças para profissões que ainda não existem.

Montenegro
Também defende uma reforma do sistema fiscal, com alterações no IRC capazes de promover o reinvestimento dos lucros empresariais. No IRS, o candidato quer "um alívio da carga fiscal assente numa progressividade mais harmoniosa e escalonada e em que a taxa marginal máxima não ultrapasse os 45%", com atualização das tabelas de retenção na fonte com base na taxa de inflação.

Moreira da Silva
Defende uma reforma do sistema fiscal. A criação de uma taxa máxima de IRS de 15% para os jovens até aos 35 anos e a possibilidade de introduzir um mecanismo de IRS negativo para salários mais baixos são duas das propostas na área fiscal.

Montenegro
Aponta como prioridade "uma transformação estrutural do sistema de Justiça económica", que torne a Justiça para as questões económicas "mais célere e eficiente, reduzindo a morosidade e os custos da litigação, da cobrança de dívidas, das falências e recuperação de empresas, bem como dos tribunais administrativos e fiscais".

Moreira da Silva
O candidato elege "dois desígnios" prioritários: garantir as condições de base para detetar e punir a corrupção, a fraude fiscal, o branqueamento de capitais e o financiamento das atividades ilícitas, "o que implica meios adicionais, mas também melhor organização e coordenação de esforços". E que "a justiça administrativa, fiscal e económica funcione efetivamente em tempo útil", o que considera uma "condição absolutamente decisiva para o investimento de qualidade, nacional e estrangeiro, e para o crescimento da economia".

Montenegro
O candidato considera "desejável" antecipar a data prevista para o país atingir a neutralidade carbónica (2050). E propõe, entre outras medidas, que o Estado dê incentivos financeiros e fiscais para as famílias melhorarem a eficiência energética das suas casas e às empresas que reduzam o consumo de energia. Defende a que a produção por fontes renováveis "tem de assentar num quadro de competição e não de rendas públicas".

Moreira da Silva
O antigo ministro do Ambiente quer rever as metas de redução das emissões para níveis mais exigentes, assegurar nesta década 100% de eletricidade renovável, acelerar a transição para a mobilidade elétrica e o fim da venda de novos veículos a combustão, aumentar a eficiência energética e hídrica nos edifícios, avançar para novas medidas de fiscalidade verde penalizando a poluição e promover a reabilitação urbana em detrimento da nova construção.