Esta afirmação tem duas interpretações possíveis: ou Rangel está a dizer que um político poderia nos anos 80 e 90 ser homossexual sem se assumir e isso não seria relevante (como poderia sê-lo se não se assumia?), ou que a assunção da homossexualidade por um político não seria relevante nessa altura. Como é evidente, a segunda afirmação é falsa e o exemplo do eurodeputado comprova-o: não só foi atacado em 2021 com base na sua orientação sexual (usa até a expressão "campanha negra"), como viu a sua assunção ser muito noticiada e muito debatida. De resto, a sua história pessoal diz o contrário do que afirma: reconheceu na entrevista que nunca conseguiu sequer ter uma conversa com os pais sobre a sua homossexualidade ("É uma mágoa") e que até assumir perante si próprio, algo que terá sucedido há cerca de 20 anos, quando já passava dos trinta, foi "um processo de descoberta, de recusa e também de alguma ignorância, porque nos anos 70, 80, até chegarmos aos anos 90, são anos mais de não falar que de falar. Cresci aí."