O "caro Olaf" mostrou a sua convicção europeia na primeira viagem a Paris (e a Bruxelas)
O novo chanceler alemão almoçou com Macron e reuniu com Von der Leyen, Michel e Stoltenberg.
Seguindo os passos de Helmut Kohl, Gerhard Schroeder e Angela Merkel, o novo chanceler alemão, Olaf Scholz, cumpriu a tradição e foi até Paris para a primeira viagem oficial. Na agenda, um almoço com o presidente francês no Palácio do Eliseu. Emmanuel Macron tratou o novo homem forte da Alemanha por "caro Olaf" e por "tu", explicando aos jornalistas ter observado no encontro "convicções sólidas sobre muitos temas e uma convergência de pontos de vista, uma vontade de trabalhar juntos e uma convicção europeia que já conhecia, forte e determinada, e que será necessária nos próximos meses e anos".
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Macron lembrou ainda que a visita é "um momento muito importante para construir bases sólidas de cooperação" entre os dois países que vá para além das boas relações bilaterais, mas abarque também os temas europeus e grandes temas internacionais. Já Scholz, que à tarde seguiu para Bruxelas para encontros com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse que a conversa se focou em "tornar a Europa forte e na soberania europeia". E reiterou que o importante é "trabalharmos juntos".
Em relação à União Europeia, França assume a partir de 1 de janeiro a presidência rotativa e Macron disse na quinta-feira que a prioridade será o crescimento económico. Nesse aspeto, para investir mais em grandes projetos comuns, o presidente francês (que ainda não confirmou que será candidato à reeleição em abril) apontou a possibilidade de existirem exceções às regras orçamentais instituídas pelos tratados europeus, nomeadamente a regra do défice de 3%, suspensa na pandemia.
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"É preciso manter este crescimento que foi impulsionado pelo Plano de Recuperação para a Europa. Ao mesmo tempo, temos de trabalhar no reforço da solidez das nossas finanças. Não é algo contraditório", disse ontem o novo chanceler alemão, que foi o ministro das Finanças de Merkel. O social-democrata está à frente de um governo de coligação com os liberais do FDP e os Verdes, sendo que um dos pontos do acordo a três passa por voltar a impor um limite de défice rígido no país a partir de 2023.
Em cima da mesa do almoço estiveram ainda discussões sobre as relações com a China ou a tensão da presença de tropas russas junto à fronteira com a Ucrânia. "Todos têm que aceitar que as fronteiras na Europa não podem ser mudadas. Isto é para todos", disse Scholz em referência ao presidente russo, Vladimir Putin. O tema foi central na sua discussão ao final do dia com o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, ainda em Bruxelas.
Na conferência de imprensa após a reunião com o compatriota, Ursula von der Leyen disse que a cooperação entre o executivo comunitário e o recém-empossado governo alemão será "muito forte e estreita". A líder da Comissão Europeia considerou um "sinal muito encorajador" Scholz ter decidido fazer a sua visita dois dias após tomar posse, na quarta-feira. "A Alemanha sempre foi e é importante em termos dos desenvolvimentos históricos da União Europeia", referiu Von der Leyen. "A política alemã não pode ficar à margem, a observar, tem de assumir um papel de responsabilidade" no projeto europeu, disse Scholz.
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