Mas deve continuar o apoio militar à Ucrânia e devem ser reforçadas as sanções económicas?
As duas vias têm de continuar a ser utilizadas. As sanções normalmente usam-se até ao limite para evitar o recurso à força. Neste caso é evidente que a NATO e a UE não devem nem podem interferir diretamente no conflito porque seria generalizá-lo com todos os riscos que isso implicaria para todo o mundo. E, por isso, a via das sanções deve ser prosseguida e com o objetivo de serem cada vez mais eficazes no senti de condicionarem o exercício do poder em Moscovo. Além disso deve-se dar todo o auxílio ao governo de Kiev, seja de armamento seja de informações, de inteligência, para que continuem a defender-se de forma eficaz. De maneira a demonstrar à Rússia que não terá a vida fácil para conseguir os objetivos que quer com esta agressão. É evidente que no terreno os ucranianos têm respondido positivamente, têm conseguido até recuperar algumas posições, e agora é preciso apoiá-los fortemente nesta oposição a este ato de integração que é uma farsa. Nós temos alguma experiência neste tipo de situações. Durante anos, a Indonésia ocupou ilegalmente Timor-Leste, que não era parte de Portugal, mas estava sob a nossa autoridade, para atingir a sua autodeterminação e independência. E a Indonésia ocupou território e nunca isso foi reconhecido pela comunidade internacional, manteve-se sempre essa chama viva da ocupação ilegal pela Indonésia, apesar de muitos países do mundo terem reconhecido a situação, como foi o caso da Austrália. Mas nunca essa ocupação foi reconhecida pelas Nações Unidas e isso facilitou porque, quando caiu a ditadura em Jacarta e com um governo democrático, foi possível negociar a autodeterminação com consulta popular. Estas ocupações ilegais dos territórios são recorrentes, e têm de continuar a ser firmemente condenadas, nomeadamente pelo Conselho de Segurança.