Internacional
13 agosto 2022 às 20h04

Mais orçamento: Rússia prepara-se para guerra de longa duração

Peritos do Institute for the Study of War alertam para sinais de que Kremlin reforça controlo sobre complexo militaro-industrial.

A Rússia está a preparar-se para um conflito prolongado na Ucrânia e terá à disposição um novo orçamento que prevê um reforço de 10 mil milhões de dólares (pouco menos em euros) para a indústria e para apoio ao esforço de guerra, avançaram este sábado os analistas do Institute for the Study of War (ISW), sediado nos EUA.

Num momento em que as maiores preocupações internacionais se centram num potencial desastre na central nuclear de Zaporíjia, a maior da Europa, sob controlo russo desde março, mas a operara com os técnicos ucranianos e alvo de vários ataques nos últimos dias, o ISW garante que a Comissão militaro-industrial da Federação Russa, liderada pelo próprio presidente Vladimir Putin, se prepara para mudar o programa de defesa estatal no início de setembro, aumentando os gastos em 600 a 700 mil milhões de rublos -- o equivalente a 10 mil milhões de dólares.

Para além disso, o instituto norte-americano aponta outros sinais de que, quando nos aproximamos de seis meses de guerra, que se assinalam a 24 de agosto, Moscovo se preparava para um conflito de longa duração. Um deles é a visita do ministro da Defesa Sergey Shoigu à fábrica Uralvagonzavod, a maior produtora de tanques russa, que produz o T-72, o tanque mais usado em batalha. Atingida pelas sanções ocidentais, a fábrica estaria a falhar no cumprimento dos seus contratos com o Estado. "A visita de Shoigu pode sugerir que o Kremlin está a tentar relançar ou expandir as operações do complexo militaro-industrial", garantem os peritos do ISW.

Além disso, a 30 de junho, uma emenda às leis federais russas sobre abastecimento das Forças Armadas foi apresentada à Duma, a câmara baixa do Parlamento russo. Esta emenda força todas as empresas russas, independentemente do dono, a cumprirem as ordens dadas pelas Forças Armadas russas e permitindo ao Kremlin mudar as condições de trabalho dos empregados. Putin assinou a emenda a 14 de julho, num sinal de que o Kremlin pretende continuar a controlar a forma de operar do complexo militaro-industrial.

Entretanto, prossegue a troca de acusações entre Moscovo e Kiev sobre os ataques à central de Zaporíjia, que começaram a 5 de agosto. "Reduzam a vossa presença nas ruas de Enerhodar! Recebemos notícias de novas provocações por parte dos ocupantes" russos, escreveu no Telegram a agência nuclear ucraniana Energoatom, que publicou uma mensagem de um dirigente local da cidade controlada por Kiev e próxima do complexo.

"Segundo os depoimentos dos moradores, há novos bombardeamentos em direção da central nuclear de Zaporíjia [...] O intervalo entre a saída e a queda dos projéteis é de 3 a 5 segundos", acrescentou a agência na mensagem.

Por sua vez, as autoridades russas que controlam partes do sul da Ucrânia acusaram Kiev de estar por trás dos ataques. "Enerhodar e a central nuclear de Zaporíjia estão sob fogo de militantes [do presidente Volodimir] Zelensky", declarou no Telegram Vladimir Rogov, membro da administração militar e civil pró-Rússia.

Os projéteis caíram "em áreas situadas nas margens do [rio] Dnieper e na central", afirmou Rogov, sem provocar vítimas nem danos.

Com agências