Que problemas sociais e económicos existem num concelho tão grande e tão heterogéneo?
Temos um concelho muito grande, dos maiores geograficamente do país, e com as 211 mil pessoas que aqui vivem, das quais 30% em áreas urbanas de génese ilegal. É um drama que essas pessoas têm do investimento de uma vida e a câmara ao longo destes anos todos não conseguiu tomar uma medida para resolver de vez este drama e legalizar as suas casas. Depois, segundo os dados dos Census, o rendimento per capita da população do concelho de Loures, em média, está a baixar muito. Isto só se consegue inverter com uma nova lógica de captação de empresas para o concelho. Somos muito 'massacrados' com tudo o que é empresa da logística e temos de ter outra visão para o concelho. Ainda ontem estive em Oeiras em reunião com o presidente da câmara, Isaltino Morais, e ele próprio diz que Loures é um concelho com capacidade de atração de outro tipo de empresa, mais ligadas à ciência, tecnologia, investigação, empresas que deixem valor acrescentado, coisa que não acontece com a logística, que ocupa demasiado espaço para o valor que cá deixa. Temos de criar esses clusters. Não gosto de falar de coisas que já existem, mas o Tagus Park é um exemplo excelente. Temos de criar um modelo, onde há espaço e onde temos um hospital, o Beatriz Ângelo, que pode servir de âncora para um conjunto de empresas na área da ciência e da investigação e da saúde, e até um politécnico ligado à saúde que capte emprego qualificado, que é o que precisamos. Existe ainda muita disparidade social no concelho. Temos bairros de habitação social que carecem de uma intervenção e de uma nova visão, temos a antiga Quinta do Mocho - hoje urbanização Terraços da Ponte -, a Quinta da Fonte, a Quinta das Mós e depois temos ainda pessoas que vivem em condições muito indignas. Andei oito anos a dizer ao anterior presidente de câmara que há gente no nosso concelho - num concelho da Área Metropolitana de Lisboa que se quer com uma nova centralidade - que vive sem água e sem saneamento básico. Isto é inadmissível.