A Sangrada Família nasce de um lugar e de uma situação muito concreta ao contrário dos livros anteriores e Sandro William Junqueira, mas se em termos formais é diferente, garante, as personagens não deixam de ser as habituais no seu trabalho: "O que aqui está são temas recorrentes em todos os meus livros: a luta permanente contra os elementos naturais ou a disputa contra um poder inacessível. Tal como em anteriores livros, tentei também encontrar o outro lado das pessoas, designadamente daqueles que são os proscritos, os que vivem nas margens ou os que nunca têm voz." Não é por acaso, garante, que coloca na boca de um dos personagens uma consciência de quem é que o faz repetir amiúde: "Eu não sou importante, nem filho de gente importante". Daí que as figuras que passam pelo romance, conclui, "estejam num permanente jogo com o leitor, que acontece de forma natural, assumindo-se como de carne e osso, ou mesmo de pessoas a tentar serem personagens e de personagens a tentar ser pessoas. É um conflito que me agrada."