Recorde-se que o “promotor” desta ação é o neonazi Mário Machado e não é a primeira vez que encabeça um evento desta natureza. Em 2005 foi também o promotor de uma manifestação xenófoba no Martim Moniz, que envolveu incidentes violentos.
Dos seus 47 anos, este autodenominado “nacionalista” passou mais de um quarto em reclusão - exatamente 11 anos e oito meses, correspondentes às condenações, por dezenas de crimes, a mais de 15 anos de prisão efetiva.
Conforme um levantamento feito pelo DN em junho de 2023, por altura da sua última condenação conhecida - pelo crime de incitamento ao ódio e à violência - acrescem a estes 11 anos várias penas de prisão cuja aplicação foi suspensa (como foi a referida: três anos de pena suspensa) e ainda diversas penas de multa.
Entre os crimes pelos quais foi, desde os anos 1990, condenado, contam-se ofensas à integridade física graves qualificadas, discriminação racial ou religiosa, roubo e roubo qualificado, sequestros, ameaças, coação, dano, difamação grave, extorsão, detenção ilegal de arma, detenção e tráfico de armas proibidas.
Não conformado com a decisão de Moedas, Machado interpôs uma providência cautelar junto do Tribunal Administrativo invocando uma violação do direito à manifestação. Caso a decisão lhe seja favorável, a manifestação vai realizar-se naquele local que, do ponto de risco de segurança, foi classificado de “elevado risco”.
“Por muito que tenham publicamente um discurso de que as manifestações são pacíficas, sempre arranjam um pretexto, seja em resposta a uma alegada provocação, ou outro, para a violência se instalar. Nem as autoridades policiais são poupadas”, assinala um analista das secretas.
Uma constatação que bate certo com as intervenções de Mário Machado nos grupos de redes sociais onde tem promovido esta sua ação xenófoba. No “grupo 1143”, por exemplo, com 2000 seguidores, Machado promete que, serão sempre cumpridos “ todos os pressupostos legais, pacificamente e ordeiramente”.
Além do pressupostos da análise da PSP, junta-se ainda outro, que preocupa significativamente as autoridades: no mesmo local organizações antirracistas e antifascistas, que os analistas ligam à extrema-esquerda, vão fazer um “arraial” para “celebrar a diversidade e a pluralidade contra o racismo e preconceito”.
No já referido comunicado, a direção nacional da PSP “ressalva que continua a recolher informação e a acompanhar os desenvolvimentos referentes à iniciativa agendada para dia 3 de fevereiro, nomeadamente através de fontes abertas” e que “esta monitorização e recolha contínuas de informação permitem avaliar os potenciais riscos associados à iniciativa e planear a operação policial mais adequada às necessidades”.