Model S Plaid: rápido como uma bala

Ao lançar o Model S Plaid, a Tesla entrou num território que até aqui era muito exclusivo - o dos hiperdesportivos com prestações exorbitantes e preços igualmente estratosféricos. Com 1020 CV de potência, surpreende a forma como a potência é colocada no asfalto e como esta berlina familiar 100% elétrica pode ser tão versátil na utilização - para a família ou a bater um Bugatti em aceleração.

Lançado há cerca de dez anos, o Tesla Model S é uma berlina de quatro portas e cinco metros de comprimento que ajudou a impulsionar a marca americana para o patamar de notoriedade atual, recebendo algumas atualizações estéticas, técnicas e qualitativas ao longo dos tempos. Com a versão Plaid, abre-se um novo capítulo.

Mas os números valem pouco quando a questão é transmitir sensações. E o Model S Plaid transmite muitas, como a incredulidade ou a sensação de exuberância que é própria de quem sabe que pode "obliterar" todos os outros automóveis na estrada. Assim, exige-se consciência, já que este elétrico oferece muita confiança.

Há três modos de condução e cada um tem uma influência distinta na entrega da potência. O Relaxado é o mais simples para o dia-a-dia, equilibrando os consumos e permitindo também gerir a condução de uma forma mais tranquila. Depois, há o modo Desportivo, que dá já um pouco mais de "alma" ao desempenho, mas é no modo Xadrez que os 1020 CV se tornam brutais, empurrando-nos contra o banco com uma severidade esmagadora e impressionando a imediatez com que responde à mínima pressão do acelerador. As recuperações são igualmente fulgurantes e pouco ou nada se lhe compara quando é preciso entrar numa autoestrada ou ultrapassar um veículo mais lento. Há ainda o modo Drag Strip, que serve para aceleração máxima desde parado (2,1 segundos dos 0 aos 100 km/h), com a suspensão pneumática a levantar a traseira e a baixar a dianteira.

Adicionalmente, o Plaid sobressai também nos percursos sinuosos. Apesar dos mais de 2200 kg, é ágil e desenvolto, mostrando uma competência muito elevada na forma como transmite a potência ao asfalto. Naturalmente, o trabalho de bastidores, com vetorização de binário e suspensão adaptativa, são fundamentais, limitando o rolamento da carroçaria. Cada aceleração representa um empurrão contra o banco e há que travar mais cedo para as curvas do que faríamos noutro automóvel, o que pode parecer estranho, mas explica-se de duas formas: a primeira é que... chegamos às curvas muito, mas muito, depressa e, depois, há que desacelerar uma massa de 2.2 toneladas multiplicada pela velocidade. Os travões cumprem, mas também fica a ideia de que merece um sistema de travagem mais potente, algo em que a Tesla já está a trabalhar. Conforto também não lhe falta se colocado no acerto adequado de suspensão.

Muita tecnologia e um "corpo estranho"

No habitáculo, bem iluminado e com muito espaço disponível, o ambiente remete para o segmento premium, com acabamentos em pele e revestimentos em quase todas as superfícies do interior para melhor isolamento acústico. Ainda assim, a construção pode ser melhorada, havendo aqui e ali alguns desencontros entre painéis (também no exterior). Outras valências se impõem, como a tecnologia disponível no ecrã tátil de 17", que é o centro de tudo o que há para controlar a bordo, incluindo o ajuste dos espelhos retrovisores e do volante e até a abertura do porta-luvas. Talvez excessivamente minimalista.

O infoentretenimento torna-se intuitivo: em vários sub-menus, é possível configurar vários parâmetros da condução, os carregamentos, a navegação ou o sistema Autopilot. O próprio ecrã pode ser orientado para o condutor ou para o passageiro, enquanto as aplicações de streaming, como o Spotify ou o YouTube, são nativas. Tudo isto é possível de desfrutar com uma elevadíssima qualidade sonora graças aos 22 altifalantes. Não falta, ainda, a componente dos videojogos ou a de vigilância com o modo Sentinela, que "grava" os incidentes quando o veículo está estacionado.

O "corpo estranho" reside bem na frente do condutor, na forma do "yoke" inspirado na manche de um avião, que resulta melhor no papel do que na prática. Nas curvas apertadas somos "obrigados" a controlá-lo apenas com uma mão, enquanto a outra fica sem ter onde pegar. As manobras de estacionamento perdem naturalidade e, nas rotundas, o facto de os botões dos piscas estarem colocados no lado esquerdo, um por cima do outro, não ajuda: o pisca de entrada faz-se, o de saída só às vezes. Se dispensa estas questões, opte pelo volante convencional como opcional sem custo.

Por fim, o preço: os 141.990€ são muito bem justificados por este Model S Plaid que é quase do outro mundo. Tem as prestações de um hiperdesportivo, a eficiência de um utilitário elétrico (média entre 18 e os 19 kWh/100 km) e o conforto de um familiar. Com algum detalhe melhorável aqui e ali (sobretudo na construção), o Model S Plaid é praticamente inigualável no mercado em termos de ritmo.

pjunceiro@globalmediagroup.pt

FICHA TÉCNICA

Tesla Model S Plaid

Motor: Três motores elétricos com rotores envoltos em carbono

Potência: 1020 CV/750 kW

Binário: 1420 Nm

Bateria: Iões de lítio, 100 kWh

Transmissão: Tração integral, caixa de 1 vel.

Acel. 0-100 km/h: 2,1 segundos

Vel. Máxima: 322 km/h

Consumo médio (WLTP): 18.7 kWh/100 km

Autonomia: 600 km

Preço: Desde 141.990€ (ensaiado: 150.740€)

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