Chef cozinheiro do ano com sabores algarvios
É brasileiro, vive em Portugal há 20 anos e está há seis no Algarve. Jefferson Dias venceu a 34.ª edição do concurso que nas últimas décadas tem descoberto alguns dos maiores nomes da cozinha nacional.
O primeiro prato que se lembra de ter cozinhado foi um simples bife com arroz branco que a mãe lhe ensinou. Mas na quarta-feira Jefferson Dias, 29 anos, tornou-se o chef cozinheiro do ano, depois de ter ganho a final nacional deste concurso. Cozinheiro do Palmares Ocean Living & Golf Resort, no Algarve, destacou-se dos restantes finalistas por detalhes, pormenores, por pontos de cozedura, pela técnica e consistência.
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Natural de Goioerê, no Brasil, vive há 20 anos em Portugal, a que chama casa. Formou-se em Portalegre e trabalhou em Lisboa antes de rumar ao Algarve e há muito que ambicionava participar no concurso Chef Cozinheiro do Ano. E depois de uma eliminatória regional em que não ficou satisfeito com o que fez, saiu de Lamego com um sonho realizado.
"Tive uma etapa regional em que fiquei muito triste comigo mesmo. Correu mal. A minha única ambição nesta final era fazer uma boa prova e ficar contente com o meu trabalho", comentou citado em comunicado. Assim foi, mas não estava à espera de vencer. "Quando ouvi o meu nome foi incrível! Fazer a prova, correr bem e estar contente comigo podendo desfrutar de um dia como o de hoje já foi uma vitória. Vencer tem todo um sentimento que eu não sei descrever", disse.
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Jefferson Dias apresentou ao júri um menu com sabores algarvios composto por Capeletti e Aveludado de Cogumelos (Amuse Bouche Vegan), Bacalhau e Açorda de Berbigão (Entrada de Bacalhau); Pregado em Aromas de Caldeirada (Prato de Peixe); Presa nos Aromas do Cozido (Prato de Carne) e Amêndoa, Gila e Mel (Sobremesa).

© FilipeVera-Cruz
"Mostrou um ponto muito forte num dos pratos que não será facilmente detetável em fotografia a quem visualizar o prato e que é precisamente a textura e o sabor com que aquele prato se conseguiu transformar. É sem dúvida o justo vencedor numa final muito renhida", avaliou o presidente do júri, António Bóia, do JNcQUOI, após cinco horas e meia de prova.
"Trabalho no Algarve há seis anos. Tenho vindo a crescer muito como cozinheiro lá e achei que devia trazer estes sabores, com os quais me identifico", afirmou Jefferson Dias à agência Lusa.

© FilipeVera-Cruz
De acordo com os avaliadores - onde se incluíam ainda António Loureiro (do A Cozinha, com uma estrela Michelin e Chef Cozinheiro do Ano em 2014), João Oliveira (do Vista, com uma estrela Michelin), Luís Gaspar (do Sala de Corte e vencedor em 2017), Paulo Pinto (da Associação Cozinheiros Profissionais de Portugal), e Ana Magalhães (do Six Senses Douro Valley e vencedora do ano passado, no papel de jurada observadora) -, "a final teve por parte de todos os concorrentes um nível altíssimo, muito trabalho preparatório e nitidamente uma forte evolução face às etapas regionais". "Ouviram-nos, trabalharam e o nível subiu muito", rematou António Bóia.
Jefferson Dias é terceiro chef do Palmares Ocean Living & Golf a conseguir esta distinção, depois de Louis Anjos (em 2012) e Ricardo Luz (em 2019). "Eles tiveram muita influência [na vitória] pelo apoio que me deram, pela ajuda a treinar, a pensar e a provar os pratos. Estiveram sempre comigo desde o início até agora", contou à Lusa.
Os chefs António Freitas (Casa Velha, no Algarve) e Diogo Novais Pereira do Porinhos, em Fafe) alcançaram o 2.º e 3.º lugares, respetivamente, numa edição que contou ainda com a participação dos finalistas António Queiróz Pinto (do restaurante de Tormes, em Baião), João Pereira (Hotel Villa Batalha) e Marco Coutada (do espaço de eventos Vale da Corga, em Trofa). Marco Coutada venceu o Prémio Sustentabilidade (referente à correta aplicação de técnicas, metodologias e utilização de matéria-prima de forma sustentável) e João Pereira o Prémio Helmut Ziebell (relativo ao caráter inovador das técnicas apresentadas).
sofia.fonseca@dn.pt
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