Viver
25 setembro 2022 às 23h17

O arriscado voo da Piriquita para Lisboa

Pela primeira vez em 160 anos, a Casa Piriquita saiu de Sintra com os seus travesseiros e queijadas. Há pouco mais de dois meses abriu a loja na Avenida de Roma, em Lisboa, e já pondera outros voos.

Sara Azevedo Santos

"Superou as nossas expetativas", garante Bruno Cunha, sócio gerente da Casa Piriquita, passados pouco mais de dois meses da abertura da primeira loja fora de Sintra. Foi em meados de julho que os famosos travesseiros (e outra doçaria tradicional) deram um salto da vila para o coração de Lisboa, com a abertura de um espaço na Avenida de Roma.

Esta é a primeira vez que a Casa Piriquita, fundada em 1862, tem uma loja fora de Sintra apesar de já ter tido uma pop up no El Corte Inglés, em Lisboa. "Há sempre aquele receio e obviamente que o tinha, mas realmente superou as nossas expetativas", diz Bruno Cunha, feliz por terem sido tão bem recebidos no bairro e por esta decisão arriscada estar a correr tão bem.

Bruno Cunha explica que os clientes que recebem na loja na Avenida de Roma são diferentes daqueles que os procuram em Sintra. "Em Sintra temos mais turistas, mas também os portugueses que vêm de férias para Portugal e que têm sempre de vir à Piriquita", conta. Por isso, antecipa que as lojas se podem vir a complementar, consoante a época do ano. No inverno, que são meses mais mortos em Sintra, Bruno Cunha acredita que o espaço de Lisboa pode vir a superar a atividade das lojas originais por estar mais perto das pessoas. E que, contrariamente, no verão, a atividade em Sintra superará a de Lisboa pelo facto de a cidade estar mais vazia. Mas, atenção que em pleno verão, "houve uns dias, na segunda semana aberta, em que a loja de Lisboa fez o mesmo valor que a Piriquita de Sintra".

Bruno Cunha mostra-se impressionado com a adesão à nova loja, na qual a oferta não é tão vasta quanto em Sintra, mas onde todas as especialidades da casa estão garantidas. "Trouxemos o travesseiro, o nosso ex-libris, as nossas queijadas obviamente, as nossas douradas (doce feito a partir de pasta de amêndoa e coberto com caramelo e nozes)", enumera. Mas também o pastel da cruz alta, que é de amêndoa, ovo e feijão branco, as joaninhas, um bolo semelhante ao toucinho do céu, a tarte de queijada e o pastel de Sintra. Para os mais novos ou mais gulosos, os clássicos travesseiros têm agora uma versão com nutella em vez do doce de ovos e amêndoas.

Em termos de decoração, o espaço lisboeta mantém a tradição da Casa Piriquita, mas com algumas diferenças. "Quisemos modernizar a loja, mas também manter as nossas origens, nomeadamente o amarelo da Casa Piriquita", conta o sócio gerente. O balcão da Avenida de Roma recria a fachada que se pode encontrar em Sintra, além de um vinil no interior que também se encontra nas lojas originais.

Bruno Cunha, da sexta geração da família fundadora, revela o carinho especial que tem pela nova localização. O pai, Rui Cunha, morreu no ano passado e não chegou a ver este novo projeto concluído. "Em honra do meu pai pusemos a assinatura dele num dos azulejos, e chamámos-lhe o cantinho do senhor Rui Cunha. Acima de tudo esta loja é muito especial porque é a primeira Casa Piriquita fora de Sintra, e esperemos que não seja a última".

sara.a.santos@dn.pt

Tópicos: doces, viver