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28 outubro 2021 às 05h00

MW M5 CS 2021 e M5 E39 1998: encontro de irmãos

Colocámos frente a frente duas versões do BMW M5. A separá-los estão 23 anos de evolução automóvel.

Fernando Marques (Motor 24)

Voltámos ao Guincho, o local escolhido pela BMW, em 1998 para a sessão fotográfica do M5 E39, aquele que ainda hoje é um dos M5 preferidos pelos fãs do modelo. Passados 23 anos, a estrada à beira-mar continua a oferecer um cenário espetacular e ter o prazer de a percorrer aos comandos de um automóvel icónico é sempre um privilégio, mas continuará ainda o M5 E39 a estar à altura das expectativas?

A BMW quebrou o molde das anteriores gerações com as soluções incluídas no E39 e ainda hoje os números impõem respeito: é o primeiro M5 com um motor com V8 atmosférico, 4900 cc, 400 cv e 500 Nm de binário às 3800 rpm. Tudo isto significava que era capaz de atingir os 100 km/h em 5.3s e foi o primeiro automóvel familiar de série capaz de atingir 1,2 g de aceleração lateral.

Na altura em que foi lançado, o M5 E39 era um automóvel discreto, sendo denunciado junto dos conhecedores apenas pelas quatro saídas de escape e as jantes desportivas, mas conseguia passar por uma normal berlina de executivo para a restante maioria das pessoas. O exemplar que testámos foi gentilmente cedido pelo proprietário e estava em excelentes condições. Ao vivo reconhecemos que tanto o interior, como o exterior resistiram bem à passagem do tempo.

Basta girar a chave na ignição para percebermos que acordámos um motor com uma alma especial, assim que a rotação estabiliza ao ralenti apenas ouvimos V8 ronronar. Sentados ao volante não podemos deixar de notar que o habitáculo foi projetado para ser muito confortável - a qualidade dos materiais e da montagem é algo intrínseco na BMW e passados vinte anos não há ruídos parasitas. A caixa é manual de seis velocidades (não havia sequer opção para automática) e basta uma leve pressão no acelerador para a partir das 4000 rpm o ronronar passar a um rugido revelador do seu caráter. O seu desempenho parece ainda superior ao indicado pelos dados. A direção é precisa e bem calibrada apesar de não ser muito comunicativa. Notámos algum adornar da carroçaria, mas nunca o suficiente para perder o controlo e com a ajuda do diferencial semiblocante podemos abusar da tração traseira em piso seco sem arranjar problemas.

A sigla CS (Coupé Sport) começou por designar os modelos com mais performance. Atualmente ainda é usada, mas agora quer dizer Competition Sport e é reservada exclusivamente aos modelos com desempenho adequado para pista.

O M5 CS não é discreto: as jantes de magnésio douradas, o capô, o tejadilho e as aplicações de carbono chamam a atenção até a quem não liga muito a automóveis, mas quem não quiser dar nas vistas pode optar pelo M5 normal.

No entanto, com menos 70 kg em relação ao M5 Competition, o M5 CS representa o expoente máximo num automóvel familiar para quatro pessoas com espaço na bagageira suficiente para as malas durante as férias de verão. Com uns impressionantes 635 cv, este é o M5 mais potente de sempre e talvez o último a ver montado um V8 biturbo 4.4 l. No entanto com tração às quatro rodas, mas predominantemente traseira, o seu desempenho é de tal forma incrível e simultaneamente tão fácil de dosear (com o controlo de tração e de estabilidade ligados), que o comum pai de família julga ser o Max Verstappen quando vai deixar os filhos na escola. No interior figuram duas baquets na frente de carbono e duas atrás inesperadamente confortáveis, com cintos de três pontos para impressionar os passageiros com toda a segurança, se nos quisermos aventurar em pista.

A caixa é automática com oito velocidades e são três segundos dos 0-100 km/h se escolhermos o modo M Sport Plus. É possível personalizar tudo e atribuir aos dois botões de acesso rápido no volante para uma seleção imediata, havendo ainda um modo Track, que obviamente deverá ser usado apenas em pista. Na altura de parar contamos com a tecnologia da F1 e os travões carbocerâmicos não conhecem o termo fadiga, mesmo depois de serem abusados numa estrada de montanha. Não ficámos fãs da informação algo confusa no painel de instrumentos digital, mas o infotainment funciona bem com o já comum Apple Car e Android Auto sem fios.

Infelizmente o M5 E39 nunca viu o tratamento CS, que talvez o tivesse tornado um dos melhores M5 de sempre, mas os anos passam e as unidades em bom estado vão valorizando. A encarnação moderna do M5 já é impressionante na versão normal, atinge um nível superlativo nesta versão CS, tradicionalmente cobiçada por colecionadores, que têm assim a possibilidade de adquirir a última aplicada a um motor exclusivamente de combustão.

M5 (E39)

Potência 400 cv

Motor 8 cilindros (motor em V)

Cilindrada 4941 cm3

Binário 500 Nm

Transmissão Tração traseira, caixa de velocidades manual de 6 velocidades

Peso 1904 kg

Pneus 245/40/18 à frente; 275/35/18 atrás

M5 CS

Potência 635 cv

Motor 8 cilindros (motor em V) Biturbo

Cilindrada 4395 cm3

Binário 750 Nm

Transmissão: caixa de velocidades automática de 8 velocidades M Steptronic xDrive

Peso 1825 kg

Pneus 275/35 ZR20 102Y XL à frente; 285/35 ZR20 104Y XL atrás

Consumo combinado 11.3 - 10.9 l/ /100 km

Preço 226 906 euros

dnot@dn.pt