Viver
20 outubro 2021 às 05h00

Massa fina e estaladiça, estes são os melhores pastéis de nata de Lisboa

A padaria da Né, na Damaia, foi a vencedora da 12.ª edição do concurso O Melhor Pastel de Nata de Lisboa. O segredo, diz a proprietária, está "na mão de quem o faz", o filho. Cada um custa 85 cêntimos.

Os clientes habituais já sabem: há fornadas quentinhas de pastéis de nata a meio da manhã e a meio da tarde. Mas, esta terça-feira, a Padaria da Né, na Damaia, teve de aumentar a produção para dar vazão a tanta procura, depois de ter conquistado o título de fabricante do melhor pastel de nata de Lisboa. "Saiu muito pastel de nata. Triplicou", comenta Noémia Rainho, a Né que dá nome ao espaço. Pela hora de almoço, já tinham saído do forno 1.500 pastéis.

A Padaria da Né sagrou-se vencedora da 12.ª edição do concurso O Melhor Pastel de Nata de Lisboa, uma eleição que decorreu no Congresso dos Cozinheiros, na tarde de segunda-feira. Com 12 finalistas apurados, o júri composto por Virgílio Nogueiro Gomes, Teresa Vivas, Domingos Soares Franco, Duarte Lebre de Freitas, Carlos Fernandes, Andreia Moutinho, Isabel Zibaia Rafael, Maria Urmal e Mário Rolando, elegeu estes como os melhores numa última prova-cega. Uma "tarefa pouco fácil", que salientou ainda a qualidade de outros dois estabelecimentos na confeção dos ditos pastéis: a Pastelaria Aloma, em Lisboa, que ficou em segundo lugar, e a Pastelaria Patyanne, em Castanheira do Ribatejo, que se classificou em terceiro lugar. "Apesar do concurso apenas premiar os três melhores classificados, todos os finalistas apresentaram pastéis de nata de excelência", assegurou Virgílio Gomes, presidente do júri.

O responsável pelo sucesso dos pastéis de nata da Padaria da Né é Hélio, o filho de 27 anos, que não quis continuar os estudos e preferiu dedicar-se à pastelaria. "A receita não tem nada de diferente, é a tradicional. Tem é a mão de quem a faz", diz Noémia, confessando-se "suspeita" para falar do seu produto, mas orgulhosa do talento e dedicação do filho neste negócio familiar que se mudou há seis anos de Mafra, onde só se fabricava pão, para a Damaia, onde se iniciaram na vertente de pastelaria. "É muito empenhado, gosta muito do que faz".

O espaço é pequeno, sem cadeiras, mas com umas mesas para quem quer beber um café e comer qualquer coisa quando vai buscar o pão. Esta terça-feira, a conversa centrou-se na vitória no concurso. "Tem sido muito gratificante este dia", admite a proprietária, esperançada de que a distinção traga um aumento das vendas e dê a conhecer o nome da sua padaria. Além dos clientes habituais, muita "gente nova" quis ir experimentar a "especialidade da casa". "A massa folhada é muito boa, muito boa. Muito fininha e muito boa", assegura Noémia, sem se esquecer de dizer a mesma coisa sobre o creme.

Foi um colega de profissão que incentivou Hélio a concorrer ainda antes da pandemia. "Mas ele achava que o pastel de nata ainda não estava preparado", conta a mãe. Agora, foi tiro e queda: na estreia no concurso, conquistou o diploma. "Foi na altura certa". Uma especialidade que custa 85 cêntimos a unidade, "o preço normal de padaria".

Além dos pastéis de nata, há todos os bolos tradicionais, além de bolos de festa, e um vasto leque de pães, desde o de Mafra, ao de centeio ou de mistura. Tudo preparado por uma equipa de 15 pessoas, que agora vê o trabalho aumentar.

Esta foi a 12.ª edição do concurso que distingue aquele que é provavelmente o mais conhecido doce português, cujas origens ainda não estão comprovadas mas que podem remontar ao século XVII. Aberta a estabelecimentos com fabrico próprio e com local de venda na Área Metropolitana de Lisboa, a iniciativa tem vindo a dar fama a vários pastéis. Na edição anterior, em 2019 - não se realizou no ano passado devido à pandemia da covid-19 -, a vencedora foi a Pastelaria Santo António, em Lisboa, tendo ficado a Aloma, também da capital, e a Patyanne, de Castanheira do Ribatejo, nas segunda e terceira posições, respetivamente.

sofia.fonseca@dn.pt