A experiência única de fotografar com uma Leica chegou aos telefones
Novos topos de gama da chinesa Xiaomi incorporam objetivas, filtros e know-how da prestigiada marca alemã de imagem de uma forma até agora nunca vista.
A histórica e (justificadamente) prestigiada casa de fotografia profissional Leica não é de todo estranha a adaptar o seu know-how para smartphones. Desde 2016 que vinha a desenvolver, com a chinesa Huawei, tecnologia nesta área. Mas o acordo acabou definitivamente em 2021 e, em meados do ano passado, ficou a saber-se que o novo parceiro estratégico da marca alemã para esta área seria a também chinesa Xiaomi. Ontem, a feira de mobilidade MWC (antigo Mobile World Congress), em Barcelona, foi o palco escolhido para o mundo ficar a conhecer os primeiros modelos internacionais resultantes deste casamento. "Uma obra-prima", alega o fabricante, provavelmente com razão.
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Os Xiaomi 13 Series em "coengenharia com a Leica", que é o nome completo dos smartphones, são na realidade dois modelos: o 13 e o 13 Pro. Ambos vêm equipados com os últimos processadores Qualcomm Snapdragon 8 Gen 2 e estarão disponíveis numa única versão com 256 Gb de armazenamento. Ambos incluem hardware e software fotográfico Leica, incluindo objetivas.
No entanto, é o 13 Pro que merece maior atenção. Desde logo porque utiliza o sensor ótico Sony IMX989 de uma polegada, usado pela Xiaomi no smartphone 12S Ultra (o primeiro a ter já tecnologia Leica, mas que apenas se vendeu no Oriente), e é hoje considerado um dos melhores chips existentes, dada a grande sensibilidade e capacidade de captação de luz.
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Sobre ele está colocado o sistema de objetivas da Leica - que lhe chamam Vario-Summicron -, que cobre distâncias focais de 14 a 75 mm. A câmara principal é uma grande angular de 23 mm, a telefoto (com estabilizador) de 75 mm, e há ainda uma ultragrande angular de 14 mm. Todas, tecnicamente, são câmaras autónomas de 50 megapixels.
A integração destas lentes com o software também proprietário da Leica resulta numa experiência de fotografia próxima do que se encontra nas máquinas profissionais. Isso mesmo foi o que nos disse, na apresentação à imprensa, o fotógrafo profissional João Bernardino, a quem a Xiaomi Portugal desafiou para deixar de lado a sua câmara DSLR por alguns dias e fazer uma coisa que raramente, segundo nos garantiu, faz: fotografar com o telemóvel.
"Fiquei surpreendido, porque a experiência é mesmo muito parecida com fotografar com uma Leica", disse-nos. "Até o detalhe de ter o barulho do obturador - uma opção que é incluída como efeito de som -, parecendo que não, é importante."
Mas para facilitar o trabalho do fotógrafo mesmo importante é a possibilidade de, nos presets, poder escolher que "lente" queremos, para que tipo de foto. "É como trocar uma objetiva", diz João Bernardino. "No fundo, aquilo de que historicamente a Leica foi pioneira, a possibilidade de trocar lentes facilmente, agora fazemos no telefone, com o mesmo efeito."
Em baixo publicamos exemplos de fotos tiradas por João Bernardino sem qualquer tratamento. "Foram tiradas diretamente do telemóvel", garante. O equivalente à lente utilizada é marcado no fundo da imagem.
Software Leica e Xiaomi
Os telefones (tanto o 13 como o Pro) incorporam ainda filtros proprietários da Leica, como o Authentic Look e o Vibrant Look. Além disso, mantêm-se presentes todos os sistemas de software de imagem da Xiaomi, incluindo o ProFocus , que usa inteligência artificial para saber sempre que pessoa ou objeto manter focado durante a sessão.
Esta funcionalidade é particularmente importante para a gravação vídeo e de mencionar que ambos são capazes de gravar em 4K Dolby Vision, o formato com maior contraste e cores mais vibrantes.
Por fim, os preços. O 13 Pro custará 1400 euros e o 13 ficará por 1000. Chegarão a 8 de março, mas as pré-vendas já começaram. E quem se lançar já neste barco recebe gratuitamente uma impressora de fotografias. Faz sentido...
Sempre a crescer
Tendo já ultrapassado, no mundo, "a barreira dos 10 milhões de pessoas que têm mais do que cinco aparelhos Xiaomi", como diz ao DN Tiago Flores, presidente para Portugal da companhia, esta é uma marca que continua a fazer um percurso expansionista em praticamente todas as áreas da tecnologia.
Em Portugal, apesar de os smartphones continuarem a ser os grandes pontas-de-lança da empresa - "somos a segunda marca, com 26% de quota" -, outros dois setores têm contribuído para o êxito: "A aspiração, a revolução que está a acontecer neste setor, representa quase um quarto da nossa faturação", revela-nos Tiago Flores. "Por outro lado, toda a parte de scooters, que continuamos a desenvolver mais modelos para mais segmentos." Um lado de mobilidade que teve também lugar no MWC de ontem, com a apresentação de uma nova scooter, que chegará a Portugal em abril.
Com tudo isto, Tiago Flores não esconde o otimismo para o futuro. "A empresa anunciou para os próximos 10 anos um grande ciclo de investimento em R&D, que a irá colocar em áreas novas, como o Smart Car ou a robótica, o que nos irá ajudar, e principalmente aos consumidores, nesta nova era conectada e tecnológica."
Uma trotineta para todas as lombas

Com o segmento das trotinetas (scooters) elétricas em expansão, a Xiaomi apresentou ontem a mais recente entrada neste setor, a Electric Scooter 4 Ultra, um modelo com dupla suspensão (o primeiro da marca) que lhe garante viagens mais suaves. Além disso, vem equipada com pneus em gel de 10 polegadas, que evitam furos. O motor de 940 watts permite subir inclinações até 25%, carregando carga até 120 kg. A velocidade é limitada aos 25 km/h por questões legais e o carregamento faz-se, dos 0% aos 100%, em seis horas. O aparelho estará disponível no mercado português em abril, por mil euros.