Vida e Futuro
27 novembro 2018 às 22h25

O que precisa de saber sobre o surto de sarampo

Subiu para 32 o número de casos suspeitos de sarampo neste mês na região de Lisboa e Vale do Tejo. Confirma-se a doença em 22 destes casos.

Susete Henriques

Desde o dia 8 de novembro e até às 20.00 desta segunda-feira, dia 26, foram registados 32 casos suspeitos de sarampo na região de Lisboa e Vale do Tejo, afirmou nesta terça-feira a Direção-Geral de Saúde (DGS). O último balanço refere que entre os 22 casos confirmados com a doença pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, 20 são adultos e dois são crianças. Um dos adultos "encontra-se internado e clinicamente estável".

Neste balanço da DGS regista-se um aumento de oito casos registados em relação a 23 de novembro.

Como surgiram estes casos?

Há "dois surtos distintos, ambos com origem em casos de doença importados de países europeus", mas dois deles não estão relacionados com estes surtos e estão a ser investigados, refere a DGS.

Quantos casos surgiram em Portugal e na Europa desde outubro de 2017?

Entre o início de outubro do ano passado e o final de setembro deste ano, foram já registados mais de 13 400 casos de sarampo em 30 países europeus, incluindo 126 casos em Portugal - a maioria durante o surto que se verificou no hospital de Santo António, no Porto, em março -, segundo um relatório do Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC, na sigla inglesa). Grécia (com mais de três mil casos), França (mais de 2700) e Itália (mais de 2500) foram os piores exemplos.

"O sarampo continua a espalhar-se na Europa porque a cobertura vacinal em muitos países" está abaixo do que devia. Só quatro países dos 30 analisados pelo ECDC tinham taxas de cobertura vacinal de pelo menos 95%, e entre eles está Portugal, a par com a Suécia, Hungria e Eslováquia.

Como é transmitido?

O sarampo é uma infeção provocada por um vírus. É uma das infeções mais contagiosas e "pode provocar doença grave, principalmente em pessoas não vacinadas". "O sarampo em pessoas já vacinadas é mais ligeiro, a probabilidade de haver complicações clínicas é muito menor e é menos contagioso", explica a DGS. No entanto, "as pessoas não vacinadas e que nunca tiveram sarampo têm uma elevada probabilidade de contrair a doença se forem expostas ao vírus".

O vírus é transmitido "por contacto direto com as gotículas infecciosas ou por propagação no ar quando a pessoa infetada tosse ou espirra". "Os doentes são considerados contagiosos desde quatro dias antes até quatro dias depois do aparecimento da erupção cutânea."

Quais são os sintomas?

A DGS explica que os sintomas de sarampo "aparecem geralmente entre 10 e 12 dias depois de a pessoa ser infetada e começam habitualmente com febre, erupção cutânea (progride da cabeça para o tronco e para as extremidades inferiores), tosse, conjuntivite e corrimento nasal". Em alguns casos podem surgir uns pontos brancos no interior da bochecha, cerca de um a dois dias antes do aparecimento da erupção cutânea, febre alta e prostração.

Qual é o tratamento?

A maioria das pessoas recupera com tratamento sintomático. Os antibióticos não são eficazes contra o vírus do sarampo, mas são prescritos pelo médico para tratar as complicações, como pneumonia e otite, se ocorrerem.

Quais são as recomendações da DGS?

Vacinar é o principal conselho. Verificar o boletim de vacinas e "se necessário, vacine-se e vacine os seus", diz. A DGS tem disponível a linha SNS 24 (808 24 24 24). Recomenda que se deve ligar para este número caso tenha dúvidas, se esteve em contacto com um caso suspeito de sarampo ou se tem sintomas sugestivos da doença.

Quem já teve sarampo pode voltar a ter a doença?

Não. "As pessoas que já tiveram sarampo estão imunizadas e não voltarão a ter a doença."

Qual o esquema de vacinação recomendado em Portugal?

A vacina VASPR (contra o sarampo, a papeira e a rubéola) faz parte do Plano Nacional de Vacinação, logo é gratuita. É recomendada duas doses, aos 12 meses e aos 5 anos.

Nasceu antes de 1970 e não sabe se teve sarampo. O que deve fazer?

Não é necessária a vacinação dos nascidos antes de 1970, exceto se houver exposição a casos de sarampo ou se for viajar para países onde existam casos, diz a DGS. Neste caso deve ser administrada uma dose de vacina VASPR. Já os profissionais de saúde sem história credível de sarampo deverão ter de fazer doses de vacina contra o sarampo (VAS/VASPR), independentemente do ano de nascimento. As pessoas nascidas depois de 1970, ou com idade igual ou superior a 18 anos, sem história credível de sarampo, devem ter, pelo menos, uma dose da vacina (VAS/VASPR), administrada aos 12 meses ou depois. Todas as pessoas com menos de 18 anos deverão ter as duas doses da vacina contra o sarampo (VASPR).

Em Portugal pode ocorrer uma grande epidemia de sarampo?

Não há razões para temer uma grande epidemia de sarampo, uma vez que a larga maioria das pessoas estão protegidas - a maioria dos nascidos antes de 1970 estão protegidos por terem tido a doença e a maioria dos nascidos depois de 1970 foram vacinados, garante a DGS. No entanto, durante um surto, algumas pessoas vacinadas poderão contrair a doença, por diminuição da proteção dada pela vacina ao longo do tempo, mas, refere a DGS, o sarampo em pessoas já vacinadas é mais ligeiro e a probabilidade de haver complicações clínicas é muito menor.