Monsanto condenada a pagar 290 milhões de dólares por não ter aviso de perigo em herbicida
Antigo jardineiro com cancro terminal vai receber indemnização milionária
Um tribunal de São Francisco, nos Estados Unidos, condenou esta sexta-feira o gigante agroquímico norte-americano Monsanto por não ter informado sobre a perigosidade do herbicida Roundup, na origem de um cancro num jardineiro.
Os jurados determinaram que a Monsanto agiu "com maldade" e que o seu herbicida Roundup, ainda que na sua versão profissional RangerPro, contribuiu "consideravelmente" para a doença do jardineiro Dewayne Johnson. A empresa terá, agora, que indemnizar o antigo trabalhador da empresa em 290 milhões de dólares.
O julgamento teve início no início de julho. O doente terminal, de 46 anos, afirma ter contraído um linfoma de Hodgkin em 2014, depois de ter manuseado o herbicida em causa durante mais de dois anos.
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Esta não é a primeira vez que a empresa é processada, mas apenas o caso de Johnson chegou aos tribunais.
Sobre a decisão do tribunal, o vice-presidente da Monsanto diz que o júri "errou". Num comunicado oficial publicado após o julgamento, a empresa disse que a derrota em tribunal se tratou de um ato de "empatia para com Johnson e a sua família" e que "continuaria vigorosamente a defender este produto".
As preocupações sobre a utilização do composto glifosato fazem já parte de inúmeros estudos científicos, que revelam o seu caráter cancerígeno. O agrotóxico quase foi banido do mercado, depois de um relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) o indicar como "provavelmente cancerígeno para humanos". Já a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos da América insiste na defesa do produto como seguro, desde que usado com cautela.
O Roundup é vendido há mais de 40 anos, em 160 países.