Vida e Futuro
20 fevereiro 2019 às 18h43

Lua liliputiana descoberta na órbita de Neptuno já tem nome: é a Hipocampo

É tão pequena que passou despercebida durante quase três décadas. Os astrónomos que a descobriram, em 2013, publicam agora o primeiro retrato da pequeníssima lua, que tem apenas 34 km de diâmetro

Filomena Naves

Esteve lá sempre, chegou a ser fotografada pela sonda Voyager 2, em 1989, quando ela passou lá perto, a caminho dos confins do sistema solar, e está até em imagens de 2004, captadas pelo telescópio espacial Hubble, mas ninguém deu por ela. Até que a equipa do astrónomo Mark Showalter, do Instituto SETI, nos Estados Unidos, finalmente a viu, usando uma combinação de novas técnicas, em 2013. A descoberta tornou-se então oficial: Neptuno tem 14 luas, e não 13. Agora também já tem nome. Chama-se Hipocampo e a mesma equipa mostra o seu primeiro retrato científico

A Hipocampo, como os astrónomos lhe chamaram, numa alusão ao pequeno ser dos mares que é o cavalo-marinho, é a mais pequena das 14 luas de Neptuno e, sabe-se agora, tem apenas 34 km de diâmetro.

É isso que mostram as medições feitas pelo grupo de Mark Showalter, que hoje publica os novos dados sobre Hipocampo num artigo, na revista Nature.

Ali, os cientistas afirmam também que a liliputiana lua pode ser um pedaço da sua irmã maior Proteus, a lua de Neptuno que fica mais distante do planeta, mas cuja órbita é contígua à de Hipocampo.

"Os nossos dados sugerem que Hipocampo é provavelmente um antigo fragmento de Proteus, o que reforça a hipótese de que o sistema neptuniano foi moldado por inúmeros impactos", escrevem os autores, na Nature.

Para poder estudar Hipocampo, que se desloca a grande velocidade em torno do planeta - esse foi, de resto, um dos motivos por que ela passou despercebida durante quase três décadas -, os cientistas montaram um programa de observações sistemáticas, usando a câmara de alta resolução do telescópio Hubble.

Foi isso que permitiu verificar que Proteus tem uma cratera de grandes dimensões, resultado de um impacto de um cometa no passado distante. Observando essa cratera e a massa dali que terá sido ejetada, em consequência do impacto, os astrónomos calculam que Hipocampo, dada a sua dimensão, poder ser um dos pedaços de Proteus que o cometa lhe arrancou.

A distância a que sua órbita se encontra da própria órbita de Proteus, apenas 12 mil quilómetros, reforça essa mesma hipótese, afirmam os cientistas.

"A primeira coisa de que nos apercebemos foi que não estávamos à espera de encontrar uma lua tão pequena logo ao lado da maior lua de Neptuno", conta Mark Showalter, sublinhando que, quando se identificaram a imensa cratera em Proteus, não pensaram que "a história ia ter continuação. Afinal teve. É a Hipocampo e só graças às imagens de alta resolução do Hubble, os cientistas conseguiram juntar os pontos e ter um retrato mais completo do sistema neptuniano.