04 outubro 2018 às 16h36

Facebook bloqueia campanhas ligadas à comunidade LGBT

Representante da rede social admite que houve um erro no catalogamento das campanhas em questão

DN

O Facebook bloqueou recentemente algumas campanhas relacionadas com a comunidade LGBT. Entre os anúncios visados estão, entre outros, um espetáculo de comédia, um grupo para homens latinos fluentes em espanhol e uma lista com opções de alojamento distribuída por uma organização sem fins lucrativos do Texas, EUA. De acordo com o jornal Washington Post, os algoritmos da rede social poderão ter considerado a palavra "LGBT" como um termo político, por estar ligado a movimentos civis. O Facebook recusou prestar declarações sobre o processo de filtragem de conteúdos, mas um representante da empresa reconheceu que de facto houve um catalogamento incorreto das campanhas em questão e garantiu que a rede social não considera todas as campanhas como políticas.

A política de campanhas publicitárias do Facebook foi criada com o objetivo de evitar a influência de terceiros em processos eleitorais. É conhecido que a rede social foi utilizada para influenciar o resultado das eleições presidenciais norte-americanas de 2016, e que isso obrigou a alterações nas regras para campanhas de publicidade. Uma das novas normas obriga o registo da organização na rede social como entidade política e, para o efeito, é necessário o envio de documentos pessoais como a carta de condução, passaporte, comprovativo de morada e os quatro últimos algarismos do número da segurança social. Só então é concedida autorização para divulgar este tipo de campanhas. Porém, muitos utilizadores desconhecem este tipo de registo, enquanto outros não consideram necessário fazer o registo como entidade política, mesmo que não se pretenda publicar anúncios com caráter político. E os casos sucedem-se.

Um reformado norte-americano, Thomas Garguilo, gere uma página na Internet dedicada à história do Stonewall Inn (um local importante para a luta pela igualdade de direitos na comunidade LGBT) e parou de usar termos como 'gay' e 'LGBT' nas suas campanhas. Depois de ter enviado um e-mail à rede social a pedir explicações acerca da situação, foi-lhe dito que o termo LGBT remete para a categoria de direitos civis, um tópico considerado político, e por isso é necessária autorização para veicular anúncios com este tipo de conteúdo.

"Obrigado pelo seu e-mail. Depois de analisarmos as capturas de ecrã que nos enviou, reparámos que menciona a palavra LGBT, que se enquadra na categoria de direitos civis, que é um tópico político. É necessária autorização para mostrar anúncios com este conteúdo", pode ler-se na mensagem enviada a Thomas Garguilo publicada pelo Washington Post.