Trabalhadores do Público mandatam sindicatos para avançar para greve

Os trabalhadores do jornal Público, em moção conjunta da Comissão de Trabalhadores (CT) e do Conselho de Redação (CR), decidiram hoje mandatar os sindicatos para que se inicie "de imediato" um processo de greve.

"Este despedimento inviabiliza a continuidade do Público enquanto órgão de comunicação social de referência, viola o espírito do acordo celebrado com os trabalhadores a 29 de dezembro de 2011, e compromete gravemente a responsabilidade social do acionista", escreveram as duas estruturas.

Para além do processo de greve, a CT e o CR do Público disseram que também pediram aos sindicatos para procurar "formas de obstar ao despedimento anunciado".

A Sonaecom anunciou hoje, em comunicado, o "previsível" despedimento de 48 trabalhadores do jornal Público, como parte de uma "redução da estrutura de custos em cerca de 3,5 milhões de euros por ano, com a diminuição de custos de funcionamento".

Por seu lado, a direção editorial do jornal emitiu um comunicado, três minutos antes do da CT e CR, segundo o qual "a redução de custos tornou-se uma inevitabilidade".

"A aplicação deste plano de redução de custos será muito difícil -- para o jornal e para todos os que, com profissionalismo e dedicação, o fazem hoje. O cenário com que o jornal se confronta, no entanto, torna impossível outro caminho. Só uma empresa mais sustentável financeiramente permitirá a preservação do projeto editorial do Público", explicou a direção do diário da Sonae.

Para a direção editorial do periódico, "o futuro de crescimento está claramente no digital", pelo que para manter a "qualidade de conteúdos" atual o jornal deve "continuar a fortalecer a aposta estratégica no digital".

O Sindicato dos Jornalistas (SJ) acusou hoje o grupo Sonae e a empresa detentora do Público, a Sonaecom, de sacrificarem quase 50 pessoas para não diminuírem os seus lucros e disse estar a acompanhar um processo "inaceitável".

O SJ lembrou que, apesar da quebra de vendas do jornal, "a verdade é que o Público é apenas uma das atividades da holding Sonaecom, do rico universo Sonae, a qual tem um desempenho francamente positivo", concretizado nos lucros de 62,5 milhões da Sonaecom no ano passado.

"Estes dados comprovam que o que está em causa não é a sobrevivência de uma pequena empresa. O que se passa é que a Sonaecom e a Sonae não querem diminuir os seus lucros e não hesitam em sacrificar quase meia centena de trabalhadores, lançando mão de um despedimento coletivo no quadro de uma gravíssima crise económica e social", escreveu o SJ, em comunicado.

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