Tesouro tenta garantir 80% do plano de financiamento
O Tesouro quer fechar a primeira metade do ano com mais de 80% das necessidades de financiamento de 2018 asseguradas. A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) quer emitir entre 750 milhões e 1000 milhões de euros em obrigações do Tesouro (OT) a cinco e a dez anos esta quarta-feira.
Caso coloque o montante máximo pretendido, o Tesouro aumenta para 12,1 mil milhões o valor emitido em OT, mais de 80% dos 15 mil milhões de euros pretendidos para o total do ano. Isto ainda antes de se chegar ao final do primeiro semestre.
O leilão desta quarta-feira acontece um dia antes da reunião do Banco Central Europeu (BCE) e da decisão da Reserva Federal dos EUA. As reuniões dos bancos centrais tendem a ser acontecimentos que fazem mexer com os mercados. E o Tesouro vai tentar antecipar-se a qualquer passo mal calculado por parte dos banqueiros centrais.
Os analistas esperam que a autoridade monetária liderada por Mario Draghi aproveite a reunião deste mês para indicar que poderá terminar com o programa de compras no final de 2018. Já em relação à Reserva Federal dos EUA o mercado dá como praticamente certo uma subida do intervalo da taxa de juro de 25 pontos-base para entre 1,75% e 2%.
Juros devem subir
Apesar de se tentar antecipar a quaisquer passos mal calculados dos bancos centrais, a crise em Itália deverá levar os investidores a exigir juros mais elevados. No mercado secundário, que serve como um barómetro de quanto Portugal terá de se financiar, os juros eram ontem de 0,88% e 1,997% a cinco e dez anos, respetivamente. Na última operação comparável, realizada no início de maio, o Tesouro tinha pago uma taxa de 0,529% em títulos a cinco anos e de 1,67% a dez anos.
Ainda assim, Portugal evitou o momento de maior tensão no mercado. No final de maio, ainda com incerteza governativa em Itália, a taxa a dez anos chegou a superar os 2,2%.