João César das NevesAlmoços digitais Hoje dispomos de um conjunto espantoso e precioso de serviços, que nos facilitam imenso a vida, e que há poucos anos não existiam. O mais extraordinário é a forma como essas coisas nos chegam às mãos.
ExclusivoNão Há Almoços GrátisExploração e materialismoOs direitos dos trabalhadores, sobretudo mais jovens, estão em perigo com a transformação económica. Grande parte dos novos empregos, criados por apps na chamada "gig economy" da Uber, da Airbnb, da TaskRabbit, etc., são temporários, contingentes, precários, mal pagos e sem garantias. O mundo ficou chocado com a descrição das condições laborais no armazém da multinacional Amazon em Tilbury, Essex, na reportagem do Sunday Mirror de Londres, publicada a 27 de Novembro do ano passado, depois de o jornalista Alan Selby lá ter trabalhado cinco semanas. Entretanto, muitos empregos são perdidos para países pobres, onde nas sweatshops se opera em circunstâncias aviltantes. Sempre houve exploração, mas estamos a entrar numa nova realidade, revivendo no mundo digital as piores condições do século XIX.
Não Há Almoços GrátisO avesso e a sublimeVemos a realidade do avesso. Os acontecimentos que marcam e fazem a actualidade são reais, mas distorcidos e confusos, como o fundo de uma tapeçaria. O seu significado só surgirá quando olharmos do outro lado, vendo o desenho da realidade como foi concebido. O recuo do tempo permite vislumbrar essa diferença, pois, com o passar dos anos, vamos entendendo a dinâmica oculta aos contemporâneos, obrigados a existir no reverso confuso do quotidiano.
Não Há Almoços GrátisApanhados de surpresaÉ espantoso que as elites nacionais andem alheias ao essencial da situação económico-financeira. Assim, elas ficarão tão surpreendidas com a próxima crise como ficaram com a anterior. Por inacreditável que pareça, o país repete um mesmo erro em menos de dez anos. Pela segunda vez numa geração, a sociedade portuguesa será apanhada de surpresa por uma derrocada devastadora, que está latente há muito tempo, sem que ninguém dê por ela. É hoje evidente que, apesar dos terríveis sofrimentos da crise passada, os portugueses não aprenderam as lições de 2008.
OpiniãoSolução omissaAvança no mundo o projecto de morte do sistema capitalista debaixo das ordens do capital rentista e especulativo que proporciona, ano após ano, uma brutal concentração de riquezas nas mãos de poucos (...) Mas, não satisfeita com tanta concentração de riquezas, a elite burguesa do planeta ataca a classe trabalhadora retirando-lhe direitos adquiridos ao longo dos tempos e através de muitas lutas, sofrimentos e sangue derramado".
Não Há Almoços GrátisSomos todos CentenoA situação económica portuguesa é esquizofrénica. Como no famoso romance de Robert Louis Stevenson de 1886, por vezes parece o próspero Dr. Jekyll, outras o sinistro Mr. Hyde. Isso não é novidade. Vivemos assim até 2008, quando a crise internacional nos obrigou a assumir a contradição. Agora os sinais de recaída amontoam-se a cada dia. Só é estranho que o país reincida na mesma doença tão distraído como há dez anos.
Não Há Almoços GrátisConto de PáscoaJesus de madrugada voltou ao Templo e todo o povo vinha ter com Ele. Jesus sentou-se junto ao pátio das mulheres e pôs-se a ensinar. Então os doutores da Lei e os fariseus decidiram fazê-lo cair numa armadilha para terem com que o acusar.
Não Há Almoços GrátisO regresso dos profetasSaber o futuro é algo que a humanidade sempre quis. Por isso nunca faltou quem diga saber o que irá acontecer. Antigamente chamavam-lhes feiticeiros ou profetas. Hoje são futurólogos, e muito menos credíveis.
Não Há Almoços GrátisEpidemia globalO mundo está perigoso, muito perigoso. As ameaças tradicionais - ataques terroristas, ditadores maníacos e escaladas nucleares -, devastadoras em épocas passadas, permanecem pavorosas e ainda podem gerar um drama global. Mas não está aí o sinal mais assustador de todos. Pior do que o crescimento dos maus é a divisão dos bons. O principal drama da conjuntura actual é a fractura radical que se vem instalando em sucessivas sociedades democráticas. Essa é a epidemia que pode vir a sacrificar esta geração.
Não Há Almoços GrátisParede estilhaçadaPortugal é a única democracia desenvolvida sem terramotos eleitorais na última década. Os resultados dos sufrágios de 2009, 2011 e 2015 reproduziram os padrões tradicionais nos partidos clássicos, enquanto os novos movimentos se dissipavam sem efeitos. Apesar disso, o panorama político nacional foi revolucionado, mas por uma simples decisão, tomada por António Costa no quadro das últimas eleições.
Não Há Almoços GrátisResponder a MaquiavelA única resposta eficaz a Maquiavel é a verdade. Precisamos dela em 2018
Não Há Almoços GrátisO cancro da democraciaA doença mortal da nossa democracia volta a manifestar-se. É a maleita que arruinou liberalismo e Primeira República, gerou as várias ditaduras que suportámos, causou a dívida que hoje nos oprime e a recessão de que ainda recuperamos. É ela que gerará o próximo colapso que, após as manifestações recentes, está cada vez mais próximo. O vírus é o corporativismo exacerbado, com grupos poderosos esquartejando o país a seu favor, exigindo condições acima das possibilidades, destruindo o desenvolvimento, justiça social e equilíbrio nacional.
Não Há Almoços GrátisAo lado da questãoQuais os grandes problemas do país? Andamos tão embalados com o aparente sucesso da conjuntura que esta questão raramente é colocada e, quando é, as respostas passam ao lado da realidade nacional.