João Céu e Silva

Humphrey Bogart e Ingrid Bergman  na despedida que encerra o filme Casablanca.

João Lopes

Casablanca aqui tão perto

Eis uma cena que todos os cinéfilos conhecem, gostam de citar e escalpelizar. É no final do clássico Casablanca (1942), de Michael Curtiz: Ingrid Bergman e Humphrey Bogart, aliás, Ilsa Lund e Rick Blaine despedem-se no aeroporto daquela cidade marroquina. No desenlace de uma aventura romântica iniciada alguns anos antes em Paris, agora dramaticamente transfigurada pelas convulsões da Segunda Guerra Mundial, ela vai sair de Casablanca com o marido, Victor Laszlo (interpretado por Paul Henreid), líder da resistência checa, perseguido pelos alemães. O seu destino: Lisboa, capital de um país que manteve a sua neutralidade.

João Céu e Silva

As epidemias preguiçosas da modernidade

Num país atrasado como era Portugal no tempo do anterior regime era normal que as novidades fossem um sinal da modernidade a que os portugueses não tinham acesso e, portanto, estivessem muito disponíveis para abraçar. Fazer bandas como as dos Beatles mesmo que os discos deles só chegassem meses depois, por exemplo. Após a Revolução de Abril, ao olharem para as fotografias dos revolucionários, todos os homens deixaram crescer os cabelos e as barbas desordenadamente como as de Che Guevara e Fidel, por exemplo. Quando chegaram os CD, 99% abandonarem o vinil em pouco tempo, depois o MP3 e os downloads, por exemplo...

João Céu e Silva

Como ser famoso por investigar a história do bacalhau

Havia um tempo em que as livrarias tinham uma boa secção de literatura de viagens e, para quem gostava do género, era um prazer percorrer as estantes com esses livros. Era o caso de uma livraria em Londres, a Waterstones, que teria cem metros de comprimento de lombadas atraentes sobre locais que mereciam uma viagem. No entanto, pelo meio dos milhares de volumes existiam "coisas" mal catalogadas que não eram destinos mas boas viagens a certos temas. Foi o caso de um livro que nunca pensara comprar, Bacalhau: Uma Biografia do Peixe que Mudou o Mundo.

1864

"Não estou a fazer nada"

As oito letras da palavra "governar" correspondem, segundo o dicionário, a "exercer o governo de, administrar, gerir, dominar ou imperar", entre outras possibilidades. É verdade que estes significados não são desconhecidos da maioria dos portugueses, no entanto, as recentes eleições explicaram melhor que, ao verem surgir os resultados eleitorais, "exercer o governo" não era a primeira preocupação dos eleitores (e comentadores), preferindo antes conjugar os dois últimos significados: dominar ou imperar. Era só disso que se falava face aos números que o governo precisava para ser o dono do país durante quatro anos enquanto se faziam apostas sobre os partidos que teriam de se deixar "dominar" para que houvesse um futuro a quatro anos.