João César das Neves"Um desgosto? A decadência da livraria e imprensa tradicionais"O famoso questionário Proust respondido pelo economista e professor universitário João César das Neves
ExclusivoJoão César das NevesO governo é de esquerda? Portugal é espantoso. Somos o único país europeu que já experimentou quase todas as combinações políticas, sempre com o mesmo resultado. Tivemos governos PS, PSD, PS-PSD, PSD-CDS, PS-CDS e PS-PCP-BE e, para lá de detalhes sectoriais, a atitude foi sempre a mesma: democracia com economia de mercado regulado, membro da EU, NATO, etc.
ExclusivoJoão César das NevesPorque não cresce Portugal? A resposta à pergunta do título é, sem dúvida, uma das mais importantes do momento: por que razão a economia portuguesa não consegue iniciar um novo surto de desenvolvimento, que lhe permita elevar-se ao nível dos parceiros europeus?
ExclusivoJoão César das NevesLockout laboralGrande parte das greves hoje em Portugal são falsas. Quando aqueles que sofrem são trabalhadores e não patrões, quando beneficiam privilegiados à custa de desprotegidos, quando as verdadeiras razões são diferentes das declaradas, está em causa algo muito diferente. Parecem mais formas de lockout patronal do que greves.
João César das NevesO escândalo e o dogmaEsta é, sem dúvida, a época com mais escândalos sexuais da história da humanidade. O movimento #Me Too, de denúncia de violência e assédio nascido em Outubro de 2017, a partir do caso do produtor de cinema americano Harvey Weinstein, tem gerado uma crescente enxurrada de acusações nos lugares mais altos e diversos da sociedade e política. É já difícil enumerar todas as personagens célebres e influentes, de todos os campos de actividade, que perderam carreira e reputação devido a esta dinâmica. Se acrescentarmos as imparáveis notícias de pedofilia na Igreja Católica, que não cessam há mais de 20 anos, fica evidente a dimensão inusitada da indignação pública nestes temas. Os crimes são gravíssimos e os efeitos devastadores. Por isso, nunca como hoje nos ofendemos tanto por questões do foro íntimo.
João César das NevesDitador TwitterQuem é Donald Trump? Esta é a perplexidade do momento, que desafia a generalidade dos analistas e afecta todo o mundo. Antes do meio do mandato, os estudos multiplicam-se, sem realmente responderem à questão. Não sabemos o que ele é, mas conseguimos já dizer bastante acerca daquilo que não é. Se isto não resolve o enigma, circunscreve a dificuldade.
João César das NevesO feiticeiro de OzDorothy Lusitânia vivia num lindo jardim à beira-mar plantado, com os seus tios e o cãozinho Totó. Um dia um grande ciclone, chamado Troika, arrancou a casa, com a rapariga e o cão, e levou-os até à maravilhosa Terra de Oz. Quando a casa pousou, esmagou a Bruxa Má do Oeste, chamada Crise, e todos aclamaram Dorothy como salvadora. A jovem agradeceu o acolhimento, mas disse que só queria voltar para o seu jardim e os seus tios, para ser tudo como era antes da troika.
ExclusivoJoão César das NevesBig Brother telefonou No caminho para o totalitarismo digital, o dia 2 de Agosto de 2018 marca um passo importante. Nessa data, pela primeira vez, o Estado arrogou-se o direito de enviar mensagens telefónicas (sms) a todas as pessoas em determinadas zonas. Os objectivos eram muito louváveis (são sempre) e a generalidade da população até se divertiu com o procedimento, mas subiu imperceptivelmente o poder de controlo público sobre as nossas vidas.
Não Há Almoços GrátisBilionários popularesPorque é que as pessoas votam em bilionários? Donald Trump é apenas o caso mais recente de uma tradição que inclui, só nos últimos anos, Silvio Berlusconi na Itália, Petro Poroshenko na Ucrânia, Thaksin Shinawatra na Tailândia, Sebastián Piñera no Chile, Najib Mikati e Rafic Hariri no Líbano, Andrej Babiš na República Checa, Bidzina Ivanishvili na Geórgia e vários outros. Dado que a política é continuamente assombrada por suspeita de relações entre ministros e negócios, como podem os eleitores escolher empresários para políticos? A resposta é simples e inclui dois elementos.
ExclusivoNão Há Almoços GrátisExploração e materialismoOs direitos dos trabalhadores, sobretudo mais jovens, estão em perigo com a transformação económica. Grande parte dos novos empregos, criados por apps na chamada "gig economy" da Uber, da Airbnb, da TaskRabbit, etc., são temporários, contingentes, precários, mal pagos e sem garantias. O mundo ficou chocado com a descrição das condições laborais no armazém da multinacional Amazon em Tilbury, Essex, na reportagem do Sunday Mirror de Londres, publicada a 27 de Novembro do ano passado, depois de o jornalista Alan Selby lá ter trabalhado cinco semanas. Entretanto, muitos empregos são perdidos para países pobres, onde nas sweatshops se opera em circunstâncias aviltantes. Sempre houve exploração, mas estamos a entrar numa nova realidade, revivendo no mundo digital as piores condições do século XIX.
Não Há Almoços GrátisO avesso e a sublimeVemos a realidade do avesso. Os acontecimentos que marcam e fazem a actualidade são reais, mas distorcidos e confusos, como o fundo de uma tapeçaria. O seu significado só surgirá quando olharmos do outro lado, vendo o desenho da realidade como foi concebido. O recuo do tempo permite vislumbrar essa diferença, pois, com o passar dos anos, vamos entendendo a dinâmica oculta aos contemporâneos, obrigados a existir no reverso confuso do quotidiano.
Não Há Almoços GrátisA ideologia blockchainO grande problema da terceira revolução civilizacional da Idade Contemporânea é a falta de uma ideologia orientadora. Parece que, finalmente, surge uma possibilidade, fornecida pela tecnologia.
OpiniãoSolução omissaAvança no mundo o projecto de morte do sistema capitalista debaixo das ordens do capital rentista e especulativo que proporciona, ano após ano, uma brutal concentração de riquezas nas mãos de poucos (...) Mas, não satisfeita com tanta concentração de riquezas, a elite burguesa do planeta ataca a classe trabalhadora retirando-lhe direitos adquiridos ao longo dos tempos e através de muitas lutas, sofrimentos e sangue derramado".