ExclusivoJoão César das NevesConto de NatalEstava o Pai Natal muito ocupado no gabinete de trabalho do palácio do Pólo Norte, quando bateram à porta. Entrou o duende mais graduado com a notícia de um visitante ilustre: estava na recepção São Nicolau.
ExclusivoJoão César das NevesO fiel discípulo Imaginemos que António Costa se preocupava realmente com os verdadeiros problemas do país. A sua governação seria muito diferente do que é. Nesse caso ele teria de considerar as grandes questões nacionais, e essas andam muito arredadas da sua retórica.
ExclusivoJoão César das NevesLockout laboralGrande parte das greves hoje em Portugal são falsas. Quando aqueles que sofrem são trabalhadores e não patrões, quando beneficiam privilegiados à custa de desprotegidos, quando as verdadeiras razões são diferentes das declaradas, está em causa algo muito diferente. Parecem mais formas de lockout patronal do que greves.
ExclusivoJoão César das NevesEvitar a ruínaNo passado domingo, a 7.ª maior economia do mundo caiu nas mãos de um populista. Jair Bolsonaro juntou o seu país ao grupo em que já estão as duas maiores economias mundiais, China e EUA, a 6.ª, Rússia, e da 11.ª à 13.ª, Itália, México e Turquia. Em todos estes Estados dominam líderes messiânicos que prometem prosperidade fácil, substituindo a corrupta classe política. Este clube, com quase metade (44%) do produto global, apesar de esmagador, constitui apenas parte da ameaça extremista actual, que se sente em toda a Europa, América Latina e outras zonas do globo.
ExclusivoJoão César das NevesSalsicha digital"As leis, como as salsichas, é melhor não saber como são feitas." É por isso que, mesmo na sociedade da informação, somos em geral poupados a este sinistro conhecimento. Só que por vezes aparece um legislador que, orgulhoso dos feitos, conta tais segredos. Nessa altura relembramos a sábia máxima inspirada pelo advogado e poeta americano John Godfrey Saxe (1816-1887).
João César das NevesO feiticeiro de OzDorothy Lusitânia vivia num lindo jardim à beira-mar plantado, com os seus tios e o cãozinho Totó. Um dia um grande ciclone, chamado Troika, arrancou a casa, com a rapariga e o cão, e levou-os até à maravilhosa Terra de Oz. Quando a casa pousou, esmagou a Bruxa Má do Oeste, chamada Crise, e todos aclamaram Dorothy como salvadora. A jovem agradeceu o acolhimento, mas disse que só queria voltar para o seu jardim e os seus tios, para ser tudo como era antes da troika.
João César das Neves"Também quereis ir embora?"O escândalo de abusos sexuais a menores na Igreja Católica nunca mais acaba. Após denúncias nos anos 1990, no Canadá, EUA, Austrália e Irlanda, o tema rebentou em 2002, sobretudo nas reportagens do The Boston Globe, dramatizados em Spotlight (2015), o galardoado filme de Tom McCarthy. Inusitadamente, após mais de 15 anos, o assunto volta a dominar as páginas dos jornais. Que significa isto?
João César das NevesInterior e liberdadeOs intelectuais portugueses adoram abstracções. A realidade é sempre suja, controversa, incerta, aborrecida; muito melhor é viver em teorias, conjecturas, promessas, ideais. Os chavões vão mudando; o do momento é «interior». A 18 de Maio, o proverbial conjunto de personalidades, aqui autointitulado Movimento pelo Interior (MPI), apresentou o canónico manifesto e as inevitáveis medidas.
ExclusivoNão Há Almoços GrátisExploração e materialismoOs direitos dos trabalhadores, sobretudo mais jovens, estão em perigo com a transformação económica. Grande parte dos novos empregos, criados por apps na chamada "gig economy" da Uber, da Airbnb, da TaskRabbit, etc., são temporários, contingentes, precários, mal pagos e sem garantias. O mundo ficou chocado com a descrição das condições laborais no armazém da multinacional Amazon em Tilbury, Essex, na reportagem do Sunday Mirror de Londres, publicada a 27 de Novembro do ano passado, depois de o jornalista Alan Selby lá ter trabalhado cinco semanas. Entretanto, muitos empregos são perdidos para países pobres, onde nas sweatshops se opera em circunstâncias aviltantes. Sempre houve exploração, mas estamos a entrar numa nova realidade, revivendo no mundo digital as piores condições do século XIX.
Não Há Almoços GrátisCorrupção sem glútenPortugal não é um país corrupto. O Corruption Perceptions Index, indicador mais utilizado neste campo, é publicado desde 1995 pela Transparência Internacional, organização com sede em Berlim. Nos valores de 2016, Portugal está em 29.º lugar em 176 países, muito acima da Espanha (41.º), Itália (60.º) e Grécia (69.º). Mas existem 12 membros dos 28 da União Europeia melhores do que nós, o que significa que ainda há muito a fazer e, como se viu no Parlamento, nem sempre o fizemos da melhor maneira. Mas o problema da corrupção aberta e descarada não é grande obstáculo ao nosso desenvolvimento, como em vários dos nossos parceiros. Aquilo que compromete o futuro nacional é outra forma da mesma perversão, mais latente e subtil. Podemos chamar-lhe "corporativismo" mas, no essencial, segue a mesma lógica: a utilização de posição pública em proveito privado.
Não Há Almoços GrátisApanhados de surpresaÉ espantoso que as elites nacionais andem alheias ao essencial da situação económico-financeira. Assim, elas ficarão tão surpreendidas com a próxima crise como ficaram com a anterior. Por inacreditável que pareça, o país repete um mesmo erro em menos de dez anos. Pela segunda vez numa geração, a sociedade portuguesa será apanhada de surpresa por uma derrocada devastadora, que está latente há muito tempo, sem que ninguém dê por ela. É hoje evidente que, apesar dos terríveis sofrimentos da crise passada, os portugueses não aprenderam as lições de 2008.
OpiniãoSolução omissaAvança no mundo o projecto de morte do sistema capitalista debaixo das ordens do capital rentista e especulativo que proporciona, ano após ano, uma brutal concentração de riquezas nas mãos de poucos (...) Mas, não satisfeita com tanta concentração de riquezas, a elite burguesa do planeta ataca a classe trabalhadora retirando-lhe direitos adquiridos ao longo dos tempos e através de muitas lutas, sofrimentos e sangue derramado".
Não Há Almoços GrátisBurgueses e proletáriosEsta coluna trazia na semana passada um texto, "Proletariado burguês", que, como seria de esperar, deu polémica. Isso é saudável e até adequado ao período do 25 de Abril e do 1.º de Maio. Aspecto curioso é os críticos não notarem que a sua argumentação reforçou a posição do texto que repudiavam.