OpiniãoGlória ao Irão insurrectoAs iranianas e iranianos que se dão à morte nas ruas do seu país resolveram tratar a repressão do regime como uma invasão estrangeira, tão ilegítima e tão visceralmente insuportável e anuladora das suas identidades como a da Rússia é para a Ucrânia. Glória a elas e eles. Que 2023 veja a sua vitória.
OpiniãoGuerra contra deus"Corrupção na terra", "guerra contra deus". Os crimes pelos quais a teocracia iraniana condena à morte quem a quer derrubar fazem ricochete na muralha de mártires que lhe denuncia a blasfémia: não há quem melhor represente a corrupção na terra que quem se arroga mandar e matar em nome de deus.
OpiniãoMais vale nadaO ministro da Economia vai hoje receber os "jovens climáticos", como chamam ao movimento que exige que mudemos de vida para salvar a vida. Que lhes irá dizer Costa Silva? Que tem para prometer? Há alguma promessa possível depois de tanta jura em vão?
OpiniãoO partido com operários de vidroNatural que um partido que pretende representar a "classe trabalhadora" deseje ter entre os dirigentes quem dela provenha. Mas transformar políticos profissionais, como o novo secretário-geral, em "operários", é uma mistificação tão ridícula como a de quem compra títulos de nobreza para dizer que tem sangue azul.
Fernanda CâncioA redundância da coragem2022 coloca-nos ante exemplos superlativos de coragem. Na Ucrânia, no Irão. Como houve outros, tantos. Tantas vezes derrotados, tantas vezes esquecidos - ou nem sequer anotados. Porque, por maior e mais magnífica, a coragem pode não chegar.
OpiniãoO "foro privilegiado" da Igreja Católica"É salutar as instituições anteciparem-se no apuramento da verdade e na transparência", diz Marcelo sobre a Igreja Católica. Muito bem dito. Mas que fizeram as instituições judiciais e políticas, que têm a obrigação de zelar pela justiça e pela paz social, para antecipar esse apuramento? Que fez o Presidente?
Fernanda CâncioO estranho caso das dívidas das viúvasA Caixa Geral de Aposentações está a fazer depender o pagamento de pensões de viuvez da cobrança de "dívidas" de dezenas de milhares de euros, sem as comprovar nem prestar qualquer esclarecimento sobre a formação. Isto apesar de a justiça já ter exigido explicações.
OpiniãoO infame soldado ShyshimarinCrime e castigo. Lembrar Dostoyevsky perante o rosto tão jovem deste soldado que pede desculpa por ter matado um homem numa rua do país invadido e assume que não tem perdão. Prisão perpétua para ele - símbolo tão pungente dos crimes de guerra russos nestes três meses. É este também o rosto dos assassinos.
OpiniãoA justiça e o direito à divulgação racistaSe dependesse do Ministério Público e do Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa, Fátima Bonifácio poderia escrever todos os dias que "negros e ciganos são inassimiláveis" e "nada têm a ver connosco", porque "é uma opinião", e a opinião "está protegida pelo direito à liberdade de expressão".
OpiniãoOs "15 mil mortos no Donbass" e outros factoides do PCPPara quem lamenta não ter acesso às posições da Rússia sobre a invasão da Ucrânia devido à proibição dos seus canais de propaganda pela UE, a página que o PCP criou "sobre a situação na Ucrânia" é um bom substituto. Pode também banquetear-se com o Twitter do ex-deputado Miguel Tiago.
OpiniãoAntes tu que euTemos escolha mesmo com uma arma apontada à cabeça, disse Sartre. O mesmo que escreveu "nunca fomos tão livres como sob a ocupação nazi." Quando "antes morrer que" não é um lirismo, cada decisão implica a mais radical liberdade: a de arriscar tudo. Nesse sentido, a Ucrânia nunca foi tão livre. E nós?
OpiniãoOutra vez Ihor? Sim, outra vez. Desculpem incomodarQuase dois anos depois, a opinião pública e a publicada estão de novo tão desinteressadas do assunto como quando o cidadão ucraniano morreu. Cabrita demitiu-se, houve eleições, Ihor já não serve como arma de arremesso - e, se não serve para isso, qual o interesse?
Fernanda CâncioNós seremos a muralha de açoDurante muito tempo, Portugal vangloriou-se de ser imune à extrema-direita que surgia em toda a Europa. Quando a onda chegou, no entanto, o partido centro-direita português agiu como quem não aprendeu nada - e entregou à esquerda o papel de muralha. O resultado viu-se este domingo.