estado novo

Pedro Tadeu

Podemos estudar o fascismo sem aprender com quem o viveu? 

Atribuir uma classificação "não-fascista" à ditadura de Salazar em trabalhos académicos de História implica ignorar a história pessoal de milhares de portugueses para quem o termo "fascista" foi estruturante de muitos aspetos das suas vidas. Estou a falar de uma grande fatia da população portuguesa que viveu o Estado Novo e o entendeu, durante os 14 mil 989 dias que ele durou, como um regime fascista. Estou a falar de vários milhões de cidadãos que, já em democracia, aplaudiram um regime democrático cujo pressuposto foi a condenação explicita do fascismo de Salazar e Caetano.

50 anos

Urnas, mortos e mau cheiro. "É altura de acabar com isso", avisou a Censura

O Portugal de 1967 era um país onde coronéis riscavam títulos, textos e fotografias dos jornais. A Censura queria limitar a dimensão de uma tragédia de que nunca se conheceu a verdadeira realidade. No terreno, os jornalistas também recebiam instruções sobre o que escrever. "Evita coisas macabras, que o coronel já telefonou." Os textos eram ditados ao telefone, as fotos iam de moto