ExclusivoJoão Almeida MoreiraA monofoniaEntre as razões que levaram especialistas na história da literatura, como o semiólogo Bakhtin ou o crítico Bloom, a considerar Dom Quixote de La Mancha a mais fundamental de todas as obras está o seu incomparável pioneirismo. Há até quem defenda que todos os romances posteriores reescrevem Dom Quixote ou o contêm implicitamente.
ExclusivoJoão Almeida MoreiraA primeira vítimaJornal de maior circulação do Brasil desde 1986, a Folha de S. Paulo foi acusado de pactuar com o regime militar de 1964 a 1985. Já em 2009, um editorial em que chamava esse período de "ditabranda", num jogo de palavras com "ditadura", causou revolta nas esquerdas. Esquerdas essas que aumentaram o tom da indignação quando o jornal publicou uma imagem e um registo criminal falsos de Dilma Rousseff, do PT, de esquerda, às vésperas da campanha eleitoral em que a antiga presidente se elegeu pela primeira vez, batendo José Serra, do PSDB, de centro-direita, nessas eleições.
João Almeida MoreiraO PT golpeia-seLula é convidado a escrever um artigo no The New York Times, principal jornal do planeta, onde acusa o juiz Sergio Moro, rosto da Operação Lava-Jato, de ser parte de um golpe da direita que visava derrubar Dilma Rousseff, primeiro, e impedi-lo de ir a votos, depois.
ExclusivoJoão Almeida MoreiraSegundos, Enéas e minutos"O senhor vê na televisão o programa político eleitoral do presidente, tudo colorido, todos contentes, artistas milionários, se é essa a sua realidade, então vote neles, PT, PMDB, PSDB, PRTB, qualquer P, sempre estiveram juntos, é falsa a briga deles, agora se o senhor não aguenta mais ver menor abandonado na rua, as drogas, os crimes, tudo o que não presta aumentando, se você quiser expulsar para sempre esses patifes do poder, só existe uma opção, 56, o senhor nunca me viu junto com nenhum deles e comigo o senhor vai ficar livre de todos eles, o meu nome é Enéas 56."
ExclusivoCartas do BrasilVolta ao Brasil em bicicletaO antigo presidente Lula da Silva, líder das sondagens para as eleições de outubro, cumpre pena de prisão de 12 anos e um mês por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do apartamento tríplex oferecido, segundo o juiz Sergio Moro, pela construtora OAS. Responde a mais seis ações, três na Lava-Jato e três noutras operações, envolvendo favorecimento a empresas.
Cartas do BrasilA vírgulaComeça a funcionar a seleção natural nas eleições presidenciais brasileiras: primeiro, tombaram as candidaturas dos representantes do "novo na política", como o apresentador de televisão Luciano Huck e o ex-presidente do Supremo Joaquim Barbosa, e na semana passada caiu a do exemplo do "caduco na política", o atual presidente Michel Temer.
Cartas do BrasilA pátria em chuteirasO bloqueio dos caminhoneiros (camionistas) gera filas de 24 horas nas bombas de gasolina, cancela milhares de voos, deixa prateleiras de supermercado vazias, fecha hospitais e farmácias por falta de remédios, reduz rondas policiais, faz acumular toneladas de lixo. Mas confusão mesmo, com direito a xingamento aos grevistas e reações de desespero, é nas bancas de jornais (quiosques).
Cartas do BrasilPindamonhangabaA humanidade já consegue desenhar mapas astrais com precisão, anunciar o sexo do bebé às 20 semanas de gestação, calcular o dia e a hora do aparecimento da nova tempestade tropical, antever vida em galáxias distantes, mas não consegue garantir o nome do futuro presidente do Brasil, o país onde, diz-se, até o passado é imprevisível.
Cartas do BrasilThriller BrasilNa série de suspense thriller em que se transformou o Brasil de 2018, na terça-feira da semana passada os brasileiros foram dormir após os autocarros da caravana do pré-candidato às eleições de outubro Lula da Silva serem atingidos por tiros no Paraná. "Atentado político!", bradou o Partido dos Trabalhadores (PT). "Emboscada!", classificou a presidente do partido. "Ataque de grupo de fascistas!", decretou o próprio Lula. Noutra cena, mais ou menos à mesma hora, mas em Brasília, o juiz do Supremo Tribunal Federal (STF) a quem foi atribuído o processo que pode levar o antigo presidente da República à prisão revelou que ele e a família foram ameaçados de morte. A presidente do tribunal solicitou imediatamente escolta policial ao magistrado.
Cartas do BrasilO outro golpeO Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), fundado no princípio do século por dissidentes do Partido dos Trabalhadores (PT) desiludidos com a realpolitik dos governos Lula e com o escândalo do mensalão, defende a legalização das drogas, a interrupção voluntária da gravidez, a população LGBT, o feminismo, as agendas indígena e afro-brasileira e a laicidade, entre outras causas normalmente conotadas com a esquerda - ou a extrema-esquerda.
Cartas do BrasilMarambaiaDurante o verão de 2018, Michel Temer devolveu, 33 anos depois, o poder aos militares. Não o federal, ainda, mas o de um dos estados mais relevantes do país, o do Rio de Janeiro.
Cartas do BrasilOs brasis não se falamNos metros quadrados mais caros do Brasil, aonde o blockbuster de Hollywood e os iPhones de última geração chegam na hora, os seus habitantes têm uma agenda própria de preocupações: o gigantismo de um estado corrupto que só atrapalha os negócios com leis laborais redigidas há 70 anos ainda sob a presidência de Getúlio Vargas; o emaranhado de impostos federais, estaduais e municipais inexplicáveis; a falta de segurança que não permite nem uma ida descansada em família ao restaurante, ao cinema ou ao futebol; e o preço crescente do dólar que limita os banhos de civilização regulares em viagens aos Estados Unidos ou à Europa.
Cartas do BrasilB de Brasil (e de Bolsonaro) No julgamento em segunda instância de hoje, Lula corre sérios riscos de ficar de fora das eleições presidenciais de outubro. Por isso, todos os olhos do Brasil se viram para o tribunal de Porto Alegre onde a sentença será lida. A começar pelos olhos de Jaques Wagner e Fernando Haddad, os dois companheiros de Lula no PT que devem disputar eventual vaga do antigo presidente. Passando pelos de Ciro Gomes e Marina Silva, candidatos de centro-esquerda cuja competitividade eleitoral depende da ausência do líder destacado das sondagens, e pelos de Geraldo Alckmin, Henrique Meirelles ou Rodrigo Maia, os três concorrentes de centro-direita que perderiam o seu maior rival. E terminando, claro, nos olhos castanhos e meio assustadiços de Jair Bolsonaro, o segundo classificado em todos os cenários das pesquisas de opinião.