"Solução é proteger o organismo o ano todo para podermos ter um Natal sem regras"
Teresa Branco defende que estar saudável não é o mesmo que não estar doente e refere que o consumo de alimentos como o açúcar e o glúten contribuem, e muito, para termos o nosso organismo inflamado.
O Natal é época de exageros alimentares, mas para Teresa Branco, doutorada em Gestão de Peso e autora do livro "Anti-Inflamação - Reduza a inflamação para perder peso e ganhar saúde", estes exageros não são sinónimo de maltratar o corpo, se tivermos cuidado no resto do ano. O que na maioria dos casos não acontece.
Relacionados
"A solução é proteger o organismo o ano todo para podermos ter um Natal sem regras. Se nós nos protegermos sempre, o facto de termos uma noite de consoada, uma noite de passagem de ano, não terão um impacto significativo. É esta a gestão que é importante as pessoas fazerem e eu acho que entrámos aqui num modelo de estar em que isto representa um sacrifício, tratar de nós representa um sacrifício, e as pessoas estão tão cansadas com tudo isto que tem acontecido que só querem ter comportamentos, só têm comportamentos, para os quais estão, neste caso, a inflamar e que julgam estar a fazê-las felizes, ainda não tendo a consciência de que sem um comportamento de compensação desses podem ser igualmente felizes. É este mindset que tem de mudar", explica ao DN Teresa Branco.
E para esta especialista, mudar o tal mindset é uma coisa possível, antes de mais, informando as pessoas, mas tendo a consciência de que as pessoas já estão mais recetivas a estas questões e já procuram essa informação. "Acho que é um trabalho que deve ser continuado, mas também acho que cada um de nós tem de ser responsável por si e pela sua saúde e não deixar isso à responsabilidade dos outros, para que tomem conta de si. Sou eu que tenho de tomar as rédeas da gestão da minha vida e da minha saúde e, neste caso, sou eu que tenho de me responsabilizar por isso e não os meus médicos. E acho que é importante passar essa mensagem às pessoas", prossegue Teresa Branco.
Subscreva as newsletters Diário de Notícias e receba as informações em primeira mão.
O novo livro desta especialista em gestão do peso é a anti-inflamação do nosso organismo, mas que não tem a ver com o contrariar de uma situação de inflamação de um dedo ou órgão, mas sim de uma inflamação sistémica, que afeta todo o nosso organismo e a nossa qualidade de vida. "Quando estamos cronicamente inflamados com esta inflamação sistémica temos mais predisposição para aumentar de peso, porque o nosso corpo deixa de funcionar tão bem. Quando estamos com excesso de peso ou somos obesos, a nossa massa gorda produz substâncias inflamatórias. E então se tivermos uma gordura visceral, que nos engorda o fígado e nos engorda os órgãos de uma maneira geral, essa gordura é ainda mais inflamatória e produz ainda mais inflamação. Então entramos num ciclo difícil de sair. Quanto mais inflamados mais engordamos, quanto mais engordamos mais inflamamos. E por aqui se abrem depois portas para outras doenças associadas", explica.
Os fatores principais para se ter o organismo inflamado são a poluição, o sedentarismo e a alimentação. Mas também os químicos presentes em coisas do dia-a-dia como os cosméticos. "O segredo é estar sempre a desinflamar, porque nós não conseguimos não viver num ambiente anti-inflamatório, isso é impossível. A imagem aqui, um bocadinho metafórica, pode ser um caixote do lixo. Nós vamos enchendo o caixote do lixo e têm de vir depois as pessoas que tratam do lixo tirar os sacos, esvaziar o recipiente. Se não houver esta pessoa sempre a tirar os sacos, esse recipiente do lixo vai enchendo e nunca esvazia. E quando nós temos uma situação que enche ainda mais o caixote do lixo, como o Natal, e sendo que no dia 25 ninguém trabalha, como é que ficam os caixotes do lixo? Extravasam. E o nosso corpo é igual. Tal como os senhores do lixo têm de constantemente esvaziar os recipientes do lixo, também nós constantemente devemos estar a desinflamar-nos e isso não acontece", defende Teresa Branco.
No topo da lista dos alimentos que mais inflamam o organismo estão o açúcar, os alimentos processados e o glúten. Do lado oposto está "aquilo que a natureza nos oferece". "Os vegetais, as frutas, a carne de boa proveniência, os ovos, o peixe, os cereais com baixo teor de hidrato de carbono e com mais fibra e que não têm glúten, são tudo alimentos que a terra nos oferece e que, quando são de uma boa proveniência, são excelentes alimentos", enumera.
E quais são os sintomas de que uma pessoa está com o seu organismo inflamado? "Estar saudável não é exatamente o contrário de não estar doente. Se eu tiver constantemente o meu intestino preso, inchada, com flatulência, a sentir-me tufada, se eu estiver constantemente com dores de cabeça, se eu não dormir, não me posso considerar doente, ninguém me considera doente, mas eu não estou com saúde. E, portanto, as pessoas que têm dores de cabeça recorrentemente, que não dormem, que estão permanentemente tristes, que têm fome a mais, dores articulares, é muito característico, muita retenção de líquidos, falta de energia, um cansaço enorme, estas pessoas não estão doentes, mas podem estar inflamadas. E é isso que temos de identificar entre análises clínicas e os sintomas que as pessoas têm e fazer um cruzamento clínico que pode determinar se a pessoa está inflamada ou não".
Partilhar
No Diário de Notícias dezenas de jornalistas trabalham todos os dias para fazer as notícias, as entrevistas, as reportagens e as análises que asseguram uma informação rigorosa aos leitores. E é assim há mais de 150 anos, pois somos o jornal nacional mais antigo. Para continuarmos a fazer este “serviço ao leitor“, como escreveu o nosso fundador em 1864, precisamos do seu apoio.
Assine aqui aquele que é o seu jornal