Serviços de saúde devem ativar planos de contingência para responder à procura

Documento divulgado esta sexta-feira informa que entre 5 e 11 de dezembro foram emitidos 2.769 certificados de óbito. A mortalidade específica por covid-19 apresentou uma tendência crescente. Além disso, anunciou o governo, a partir de janeiro o SNS24 vai passar a ter um atendimento e resposta médica específica para pessoas mais vulneráveis.

Os serviços de saúde devem ativar os planos de contingência para responder ao aumento da procura devido às infeções respiratórias em Portugal, que regista uma atividade gripal crescente, reforçou esta sexta-feira a Direção-Geral da Saúde (DGS).

"Recomenda-se o reforço da comunicação das orientações previamente emitidas aos serviços de saúde para ativar as medidas previstas nos respetivos planos de contingência, de forma a responder ao aumento da procura dos serviços de saúde (incluindo adequação das escalas de recursos humanos, alargamento de horários e ajuste da atividade programada)", adiantou a direção-geral.

O alerta consta de um novo relatório semanal da DGS sobre a vigilância e monitorização das infeções respiratórias - gripe, covid-19 e vírus sincicial - divulgado esta sexta-feira e que substitui os anteriores relatórios especificamente dedicados à evolução da pandemia.

O novo documento adianta que, na semana de 5 a 11 de dezembro, registou-se em Portugal uma atividade epidémica da gripe de baixa a moderada intensidade, mas com tendência crescente, com predomínio do subtipo do vírus A(H3) "associado a maior gravidade nas populações mais vulneráveis".

Nessa semana, verificou-se uma diminuição do número de novos casos a sete dias de infeção pelo SARS-CoV-2 (36 contágios por 100 mil habitantes), mantendo uma tendência decrescente.

A DGS avança também que se observou um aumento das consultas por infeções respiratórias nos cuidados de saúde primários em relação à semana de 28 de novembro e 04 de dezembro, assim com um crescimento da procura do SNS 24 e do INEM.

Entre 5 e 11 de dezembro, o número total de atendimentos triados pelo SNS 24 aumentou para 33.620, mais 7,4% em relação à semana anterior.

O relatório refere ainda uma ligeira diminuição dos episódios de urgência hospitalar (110.272), mas este valor pode ser revisto "face a possíveis constrangimentos no reporte eletrónico, decorrente das intempéries ocorridas esta semana".

A DGS avança que recorreram às urgências sobretudo crianças e jovens adultos e que a proporção de casos de urgência por síndrome gripal que levaram a internamento apresentou uma tendência crescente.

Os dados agora divulgados indicam ainda que se registou uma diminuição de camas ocupadas em cuidados intensivos por covid-19, assim como de doentes admitidos nessas unidades por gripe.

Em 11 de dezembro, estavam internadas em enfermaria 507 pessoas com covid-19, menos 10% do que no mesmo dia da semana anterior, 41 dos quais em cuidados intensivos, valor corresponde a 16,1% do nível de alerta de 255 camas destas unidades ocupadas.

"Apesar da diminuição do número de internamentos observada em enfermaria por vírus sincicial respiratório (VSR) em menores de 2 anos de idade, estes valores mantêm-se elevados", alerta a direção-geral.

Quanto à mortalidade por todas as causas, a DGS refere que esteve acima do esperado para a época do ano nas regiões Norte e Lisboa e Vale do Tejo e no grupo etário com 85 ou mais anos, coincidindo com o aumento da incidência das infeções respiratórias observado nas últimas semanas.

Na semana em análise foram emitidos 2.769 certificados de óbito. Já a mortalidade específica por covid-19 apresentou uma tendência crescente, mas ainda abaixo do limiar definido pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC).

A DGS adianta que a cobertura vacinal contra a gripe está nos 72%, percentagem próxima da recomendada pelo ECDC e pela Organização Mundial da Saúde (75%) para os grupos etários com 65 ou mais anos.

SNS24 com atendimento e resposta médica para pessoas vulneráveis

A Linha SNS24 vai dispor a partir de janeiro, de um serviço de atendimento e de resposta médica para populações mais vulneráveis, como idosos residentes em lares, revelou ainda à agência Lusa o secretário de Estado da Saúde.

"O nosso objetivo é que haja um primeiro contacto desta população, em caso de necessidade, com a Linha Saúde 24 e a partir daí haja uma avaliação e o encaminhamento das pessoas", disse Ricardo Mestre no final de uma visita ao Centro de Contacto SNS24, onde esteve acompanhado pela Secretária de Estado da Promoção da Saúde, Margarida Tavares, e o presidente do Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, Luís Goes Pinheiro.

Segundo o governante, esta resposta vai começar por estar disponível para idosos que vivem em lares e utentes das unidades da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados. Após um processo de triagem, como acontece para as outras respostas da Linha SNS24, o utente será encaminhado para uma consulta de telemedicina em caso de necessidade.

Apesar do número de chamadas para a linha SNS24 ter vindo a aumentar, atingindo na quinta-feira um total de nove milhões desde o início deste ano, o secretário de Estado apelou para um maior uso da linha (808 2424 24).

"É um valor muito elevado, que significa que a população adere à Linha SNS24, mas também é um valor que nos permite perceber que ainda temos capacidade de expandir a sua resposta", disse Ricardo Mestre , frisando que o serviço está disponível para ser "o primeiro ponto de contacto dos utentes com o Serviço Nacional de Saúde".

Ricardo Mestre enfatizou que cerca de 97% do total de chamadas são atendidas e, destas, mais de 80% são atendidas em 15 segundos". Também Margarida Tavares - secretária de Estado da Promoção da Saúde - salientou a importância da utilização deste serviço que fez questão de visitar, para "perceber presencialmente como as coisas se desenrolam".

"Obviamente que também não é alheio o facto de querermos chamar mesmo a atenção dos portugueses para a necessidade de, numa altura como esta, em que existem maiores problemas de saúde, mais frequentes, devido a infeções respiratórias, aos próprios efeitos das temperaturas, descompensação da doença crónica e, portanto", de recorrerem a este serviço, que muitas vezes não ocorre como primeira opção quando a pessoa se sente mal", disse a secretária de Estado.

Margarida Tavares referiu que as pessoas continuam a ter aquele primeiro pensamento de ir ao serviço de urgência, o que considerou não ser a melhor forma de agir. "Pelo menos, em algumas circunstâncias, muitas das pessoas que vão tomar essa opção não precisariam de ir a um serviço de urgência, tinham outras respostas e queremos, de facto, que utilizem esta linha de aconselhamento e de orientação ao longo de todos os serviços do SNS", defendeu.

Mais Notícias

Outros Conteúdos GMG