Santa Maria já realizou 124 cirurgias a doentes não covid nos privados

Num mês, cirurgiões do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte conseguiram operar mais de uma centena de doentes não covid em unidades privadas. Este é o resultado do protocolo assinado a 9 de dezembro com o objetivo de reduzir o tempo de espera dos doentes com intervenções agendadas e que não iriam ser realizadas devido à suspensão da atividade programada.

A pandemia tem vindo a obrigar as unidades hospitalares a suspenderem a sua atividade programada, consultas e cirurgias não urgentes e emergentes, para dar resposta à covid-19. O Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN) foi dos primeiros a fazê-lo, logo a meio de novembro. Mas, ao mesmo tempo, negociou um protocolo com três unidades privadas também da região de Lisboa para que os seus cirurgiões pudessem operar nestas os doentes que tinham cirurgia agendada ou em vias de o ser.

O protocolo, assinado a 9 de dezembro, como o DN noticiou na altura, assenta na realização de 500 cirurgias a doentes não covid acompanhados naquela unidade por médicos de sete especialidades, nomeadamente neurocirurgia, cirurgia cardíaca, cirurgia vascular e cirurgia plástica, ortopedia, otorrino e urologia.

E um mês depois o balanço é de 124 cirurgias realizadas. Fonte do gabinete de comunicação explicou ao DN que "o objetivo é manter o protocolo até março, depois será avaliada a necessidade de o manter ou não".

O CHULN foi das unidades que optaram por esta solução para não deixar para trás doentes não covid. O mesmo tem estado a ser feito por outros hospitais, como o Garcia de Orta, em Almada, que fez um protocolo com o Hospital da Cruz Vermelha e com o do SAMS, e pelo Beatriz Ângelo, de Loures, que previa a realização de cirurgias nas unidades do Grupo Luz saúde.

Uma solução inédita até aqui e que a própria Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo assumiu ao DN como sendo uma alternativa ao facto de as unidades do Serviço Nacional de Saúde estarem cada vez mais sobrecarregadas com a resposta à pandemia.

Na altura, o presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Lisboa Norte, Daniel Ferro, explicou ao DN o porquê da negociação de um protocolo deste tipo: "Tivemos a experiência da primeira fase, em que a suspensão da atividade teve um peso forte na acessibilidade dos doentes aos cuidados cirúrgicos, tornando-se mais difícil e mais prolongada. Portanto, o que aprendemos com a primeira fase queremos corrigir agora na segunda".

Neste sentido avançaram com esta solução que está a dar resultados e que assenta na possibilidade de cirurgiões do Lisboa Norte poderem usar os blocos operatórios de unidades privadas, as equipas técnicas dessas mesmas unidades e todo o material para operar os seus doentes. "Vamos usar toda a estrutura das unidades com as quais estabelecemos este protocolo, apenas com exceção das equipas cirúrgicas, que essas serão as do Lisboa Norte. A estas unidades competirá assegurar tudo o resto. Ou seja blocos operatórios, materiais, anestesistas, internamento, medicamentos e urgências", explicou ainda Daniel Ferro, sublinhando tratar-se de um "plano com uma dimensão gigantesca".

Ou seja, além da utilização de tempos nos blocos operatórios o protocolo envolvia ainda "a contratação de 250 camas de internamento, das quais 50 são de cuidados intensivos, e outros recursos".

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