Representantes de várias religiões unânimes sobre a posição das mulheres
Debate sobre o papel da mulher no contexto religioso permitiu concluir que nada impede as mulheres de exercerem cargos de liderança.
Representantes de várias religiões afirmaram hoje em Torres Vedras que não há motivos teológicos para as mulheres não serem líderes ou não participarem nas decisões das várias igrejas.
Segundo os vários representantes, nem a Bíblia nem o Corão impedem as mulheres de terem um papel de liderança em cada religião, tal como na sociedade.
Do lado da Igreja Católica, José Nunes, padre dominicano e professor de Teologia Pastoral Católica, mostrou-se por isso defensor da ordenação das mulheres como sacerdotisas.
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"O que interessa é o que as comunidades acham melhor para a comunidade seja homem, mulher, casado, solteiro ou homossexual", sublinhou.
O representante da igreja protestante, José Brissos-Lino, pastor e professor de Psicologia da Religião, explicou que, na sua religião, a questão não se coloca uma vez que "homens e mulheres têm a mesma função".
David Munir, imã da Mesquita Central de Lisboa e líder muçulmano, explicou que também à luz do Corão "homens e mulheres são iguais" tanto na religião, como na sociedade e que, ao contrário das igrejas católicas, nas mesquitas "a oração pode ser conduzida por ambos".
O líder muçulmano esclareceu que as "traduções à letra" do Corão têm, ao longo dos séculos, conduzido a interpretações erradas das suas palavras.
"Não há nada que impeça as mulheres de pregar a palavra ou de serem ordenadas. Mas não é assim", afirmou a secretária de Estado da Cidadania e Igualdade, Catarina Marcelino, para logo concluir que "é uma questão de poder e de tomada de decisão".
Os investigadores Filomena Barros, professora de história do Islão, António Faria, professor de Filosofias Orientais, e Mariana Vital, investigadora em Ciência das Religiões, foram unânimes em afirmar que a evolução das religiões e do papel da mulher na sociedade e no contexto religioso passa pela "capacidade de a sociedade desconstruir a história" de séculos e não se agarrar a "ideias fossilizadas".
Todos falavam durante um debate sobre "o papel da mulher no contexto religioso", integrado no Roteiro para a Cidadania e para o Diálogo Inter-religioso e Cultural, promovido pela Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Local e Universidade Lusófona em parceria com o Governo.