"Portugal à frente na resposta mundial da epidemia da Sida"

Luiz Loures, diretor executivo adjunto do programa ONUSIDA considera que Portugal reúne as condições necessárias para conseguir acabar com a epidemia da Sida até 2030

O Infarmed recebeu a cerimónia de lançamento do projeto Fast-Track Cities, onde Lisboa, Porto e Cascais se tornam cidades Via Rápida na eliminação do VIH. Este é um projeto da ONUSIDA, programa conjunto das Nações Unidas contra o VIH/Sida, com a missão de orientar, reforçar e apoiar os esforços mundiais para inverter o rumo da evolução da doença. O programa pretende terminar com a epidemia da Sida até 2030.
Luiz Loures, diretor executivo adjunto do programa ONUSIDA e Secretário-Geral adjunto das Nações Unidas, explica ao DN os progressos que se observam em Portugal no combate ao vírus da Sida.

Em termos internacionais, como é que Portugal se encontra no cumprimento do plano ONUSIDA?
Portugal está à frente no continente europeu e no quadro mundial, basicamente por três razões. A legislação de proteção, a legislação de direitos humanos em relação ao VIH Sida, a mais avançada no mundo. O segundo ponto é a liderança política, que é inclusiva e apoia medidas, como por exemplo, o acesso a tratamentos a estrangeiros, que é essencial. O terceiro ponto é o envolvimento da sociedade civil. Estes três pontos colocam Portugal à frente na resposta mundial da epidemia da Sida.

Portugal ainda continua a detetar casos tardiamente, esta também é uma realidade em outros países?
Esse é um desafio principalmente em outros países europeus, mas o mais importante é que a legislação inclusiva de Portugal está a permitir que cada vez mais pessoas vão fazem o teste numa fase mais precoce, o que significa um diagnóstico mais precoce e tratamento mais precoce. Apesar do desafio, Portugal tem as medidas que levam à solução do problema do diagnóstico tardio.

Os casos diagnosticados são imediatamente tratados com medicação, esta é uma boa medida?
Sem dúvida, esse é o primeiro passo para chegar ao fim da epidemia. Quanto mais cedo se trata, mais cedo se elimina o VIH da pessoa infetada, mais cedo se investe na qualidade de vida e na prevenção de outras infeções.

Como é que o programa Fast-Track Cities pode mudar a realidade de um país?
Pode mudar fundamentalmente. Este programa é basicamente a ligação entre políticas adequadas e a realidade local. Cada vez mais a resposta à Sida é uma resposta que deve ter em conta a realidade local, os desafios de cada autarquia e de cada comunidade.

Quais são os planos futuros da ONUSIDA?
O primeiro é garantir que a experiência de Portugal seja conhecida mundialmente. Eu não acho que Portugal precise da ONUSIDA , a ONUSIDA precisa de Portugal. É o que chamamos de liderança através do exemplo. Precisamos de países que tenham uma resposta integral no campo dos direitos humanos, da liderança política e do envolvimento da comunidade. Estes são os pilares da resposta à Sida e Portugal responde a todos os três, e vamos fazer tudo o possível para que o exemplo de Portugal seja reconhecido e adotado em mais países.

Como é que se consegue diminuir a discriminação em torno dos portadores de Sida?
Através de medidas concretas, como a legislação que já existe em Portugal que repudia a discriminação, como por exemplo a orientação sexual. Com políticas de proximidade que permitem às pessoas infetadas aceder aos serviços de saúde como uma pessoa não infetada pelo VIH Sida. E principalmente uma liderança que investe em sociedades melhores, que trata da questão da Sida da mesma forma que trata a questão do racismo, que trata da xenofobia e que trata a questão da exclusão como um todo. É isso que Portugal faz. A nova agenda mundial, a nova agenda dos SDGs - Sustainable Development Goals - agenda dos objetivos sustentáveis, na verdade já começou em Portugal através da resposta à Sida.

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